30.9.09

O Início do Rádio no Rio Grande do Norte (*)


Várias emissoras marcaram da radiodifusão no Rio Grande do Norte, mas foi com a REN-Rádio Educadora de Natal, onde tudo começou.

Até 1939, eram os amplificadores de som ou divulgadoras, espalhados pelas ruas e praças de Natal, transmitindo músicas, dramas e notícias a uma população com cerca de 50 mil habitantes. Destacava-se, à época, o serviço da Agência Pernambucana, de propriedade de Luís Romão de Almeida, com vinte e dois aparelhos de alto-falantes, espalhados pela cidade. Além da programação comum, “jornais falados com notícias oriundas do comando de guerra em Natal, dando conta da movimentação provocada pelas operações militares ligadas à Segunda Guerra Mundial”. A sede da Agência Pernambucana era localizada no bairro da Ribeira, ali na Avenida Tavares de Lira.

A Rádio Educadora de Natal foi fundada por Carlos Farache no início dos anos quarenta. Em dezembro de 1940 foi instalada sua torre para melhorar as transmissões, mas somente em 30 de novembro do ano seguinte é que a rádio foi levada ao ar, com o prefixo ZYB-5. O radialista Genar Wanderley foi quem primeiro ocupou o microfone, lendo Ave Maria escrita por Luís da Câmara Cascudo em solenidade de inauguração.

Segundo os jornais da época, do ato solene, presidido pelo interventor Rafael Fernandes, participaram a grande orquestra da REN, sob a batuta do maestro Maurilo Lira e constituída dos professores e dos elementos mais destacados do movimento musical desta capital (...), tendo a Sr.ª Alba Garcia de Azevedo concorrido para o brilhantismo da solenidade catando uma formosa canção mexicana. ( O Diário, 01 de dezembro de 1941).

A Rádio Educadora de Natal era presidida por Gentil Ferreira de Souza e tinha como diretor técnico e superintendente, respectivamente, Carlos Lamas e Carlos Farache.

A história da REN tem continuidade com a Rádio Poti, nome definitivo da emissora a partir de sua incorporação aos Diários Associados em 16 de fevereiro de 1944. Passou a chamar-se Rádio Poti porque todas as emissoras associadas representavam tabas indígenas características do Estado onde estavam localizadas. Tupi, Tamandaré, Farroupilha, Tamoio, Poti, etc. seus diretores eram conhecidos como “caciques”. O “cacique” da Rádio Poti era Genar Wanderley. Depois da Poti surgiram a Rádio Nordeste, fundada em 1954 pelo ex-Governador Dinarte Mariz, conquistando o público potiguar com uma programação diversificada, a Rádio Cabugi, fundada em dezembro do mesmo ano, pelo Senador Giorgino Avelino, e, posteriormente, vieram às emissoras, Difusora de Mossoró, de educação Rural de Natal, Mossoró e Caíco, Rádio Trairi, etc.

Da Rádio Poti, com seus programas de auditório, ficaram conhecidos nomes ainda hoje consagrados nacionalmente, como é o caso de Aguinaldo Rayol. A referência bibliográfica, Diário de Natal (30.11.83) cita Ademilde Fonseca como tendo iniciado sua carreira nessa emissora. Sua transferência para o Rio de Janeiro se deu em 1938, tendo aí se profissionalizado, conforme o depoimento pessoal gravado em 19 de março de 2001.

Os programas de auditório eram muitos disputados pela juventude da época, e fazia a alegria do Rádio e da cidade do Natal. Dentre eles, destacavam-se Domingo alegre, criado por Genar Wanderley, Vesperado dos Brotinhos, comandado por Luís de Cordeiro. A Estrela Canta, por Glorinha de Oliveira, Alegria na Taba, por Vanildo Nunes, Sabatina da Alegria, por Ruy Ricardo e Turbilhão de novidades, por Edmilson Andrade.

Uma grande audiência antiga atingida pela Rádio Poti era com as radionovelas. O setor de radio teatro era dirigido por Genar Wanderley. Todos eram muito unidos chorávamos de verdade, quando o papel necessitava de emoção, quando não, fingiam. Era um por todos e todos por um. Atualmente as pessoas do meio artístico não são mais unidas, se puderem puxar o tapete uma das outras, elas puxam, afirmava Glorinha de Oliveira. Quase todos os profissionais que trabalhavam em Rádio na década de 40 e 50, no Rio Grande do Norte, começaram na Rádio Poti. De lá saiam para trabalhar em outras emissoras, como a Nordeste, Cabugi e em outros estados. Dentre as mulheres que se destacaram na Poti, como radialistas, podem ser citadas, além de Glorinha Oliveira, Eunice Campos, conhecida no meio radiofônico como Sandra Maria, Marly, Zilma e Selma Rayol, Terezinha Maia, Eliete Regina, Nice Fernandes, Lourdinha Lopes, Waldira Medeiros.

Na Nordeste se destacavam programas como Bom Dia Natal, Aguardando o Futebol, Eu, Você e a Noite e etc. As radionovelas também ganhavam audiência nesta emissora. Algumas eram feitas ao vivo contando com a participação de vários atores norte-rio-grandenses. Muitos artistas também passaram pela Rádio Nordeste como Aguinaldo Rayol, Marli Rayol, Sandra Maria, Nilson Freire, entre outros. Eliete Regina teve sua carteira assinada pela Nordeste durante várias décadas.

Na Rádio Cabugi, o primeiro locutor a utilizar o seu microfone foi Arnóbio Toscano. Entre os programas se destacavam Histórias fantásticas, Hora Sertaneja, Data Querida, Música para Um Dia Feliz, e muitos outros. Merece ser ressaltada, como participação feminina, Gilvanise Moreira, a primeira locutora mulher, e Nice Fernandes.

Numa sociedade machista, como a que concretizou o Brasil até bem pouco tempo, a mulher sempre foi mantida em segundo plano, se comparada ao homem. Ainda pequena a menina devia ser educada para ser a esposa perfeita, mãe e dona de casa exemplar, possuidora de características próprias da feminidade, como o instinto materno, a resignação, a inocência e a meiguice.

Na família ideal, a mulher era submissa ao homem. Este tinha autoridade sobre a mulher e ra responsável pelo sustento da casa. Os deveres que a cercavam eram muitos, mas os direitos praticamente inexistiam. Atualmente, essa história vem mudando. Segundo a reportagem elas venceram”... está em andamento um processo de equiparação entre os sexos em casa, no trabalho, na escola, e na política brasileira. Em alguns campos a mulher já livrou uma pequena vantagem sobre o homem. (Revista Veja 08.11.2000).

Se o resultado da luta feminina vem se consolidando e aparecendo agora, imaginemos como não seria audaciosa a mulher, por volta das décadas de 40 e 50, deixar os “afazeres femininos” tradicionais, impostos pela sociedade da época, para buscar a igualdade com o homem no campo profissional.

A Audácia parecia maior ainda em pequenos centros urbanos, onde, normalmente, o preconceito contra a mulher, especialmente a que trabalhava fora de casa, era evidente. Por ser uma pequena cidade de hábitos e costumes provincianos, onde praticamente todas as pessoas se conheciam, Natal fugia a regra nesse contexto.

Eunice Campos, em depoimento gravado no dia 15 de novembro de 2000, afirma que, ao ser convidada para trabalhar na Rádio Poti, no início dos anos cinqüenta, passou a usar o pseudônimo de Sandra Maria para que seu pai não descobrisse e a proibisse de trabalhar. “Quando ingressei na rádio, o preconceito era muito grande, (...) o meu pai só veio saber uns seis meses depois”, dizia Eunice.

(*)- Texto por José Eduardo Vilar Cunha, publicado no blog O Teorema da Feira.
Foto: Radio RCA (1942) Superheterodino, 5 Válvulas, 3 faixas de ondas Médias e Curtas. Alto-falante de 5" e Caixa de baquelite.

26.9.09

1904 - Obra da Ribeira (*)


Augusto Tavares de Lyra assumiu o Governo do Estado em 25 de março de 1904, ficando no poder até 05 de novembro de 1906. A sua administração foi marcada, inicialmente, por um período de seca que assolou todo o Rio Grande do Norte. Em conseqüência disso, retirantes migraram em grande quantidade para Natal, preo0cupando as autoridades administrativas locais – da mesma forma que ocorreu no final do século XIX. A aglomeração dessas pessoas nas ruas da cidade seria apontada, pelos inspetores de Higiene, como responsável das condições sanitárias da capital, registrando-se o retorno da varíola, nesse mesmo ano de 1904, fazendo muitas vítimas em Natal. De forma dramática, Câmara Cascudo expôs a situação daquele momento “... com a cidade inteiramente repleta de sertanejos que a seca atirara pelas estradas, morriam uns vinte por dia”.

Segundo o censo demográfico, Natal possuía, em 1900, 16.056 habitantes. Em 1904, no entanto, esse número foi praticamente duplicado com a migração de cerca de 15.000 flagelados à procura de trabalho, de comida e de melhores condições de vida. A descrição do engenheiro Sampaio Correa, quando de sua chegada a Natal, em 12 de março de 1904, para Chefiar uma Comissão de Estudos e Construção de Obras contra os efeitos da seca no Rio Grande do Norte, confirma o estado de calamidade na cidade em decorrência das migrações;

“Natal estava invadida por cerca de 4.000 retirantes, a dormirem ao relento nas ruas mais afastadas do centro, quase sem vestes e sem alimentos, que não lhes podiam fornecer a pequena população da cidade, em geral pobre, de 10 a 12.000 habitantes no máximo. Vezes várias, em famílias dos engenheiros hospedados no hotel, situado no centro comercial, tiveram acudir, com um prato de sopa ou com uma fatia de carne, os retirantes, caídos nas proximidades, exaustos de fome”.

O ano de 1904, embora referido nas mensagens de governo como um período de poucas finanças, registra a realização de uma importante obra pública; o aterro e ajardinamento da antiga Praça da República na Ribeira que, por meio de uma Resolução da Intendência Municipal, passou a se denominar Praça Augusto Severo, em maio de 1902. Reclamava-se a urgência da intervenção nesse espaço, pois – em períodos de inverno – vivia constantemente inundado pelas águas do rio, o que suscitaria os vapores miasmáticos, fator pelo qual era apontado como foco de “pestes”. A proximidade com o Teatro Carlos Gomes e a ameaça contínua de epidemias justificaram a execução desse serviço, muito requestado pelos médicos e pelas administrações passadas.

A obra, iniciada em 01 de junho de 1904, ficou a cargo do arquiteto Herculano Ramos – o mesmo responsável pela construção do Teatro Carlos Gomes (local cada vez mais valorizado para uso da classe abastada). Essa ação, além de se constituir em uma medida de higiene pública, representou uma importante modificação na estrutura física da Cidade do Natal. A obra passava a interligar fisicamente os seus dois bairros consolidados: Cidade Alta e Ribeira – Xarias e Canguleiros -, antes separados por uma “campina pantanosa”, agora transformada em praça. Os recursos foram federais para obras contra a seca, sendo os próprios retirantes utilizados como mão-de-obra.

(*) Uma Cidade Sã e Bela - Angela Lucia Ferreira, Anna Rachel Baracho Eduardo, Ana Caroline Dantas Dias e Geoge Alexandre Ferreira Dantas. - Foto: Pontilhão na Praça Augusto Severo.

22.9.09

IHGRN - Instituto Histórico e Geográfico.


A História Colonial, especialmente a História da Capitania do Rio Grande, pode ser pesquisada pelo menos em duas ordens de documentos pertencentes ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN): os documentos publicados na Revista do IHGRN e os do acervo de manuscritos.

A inserção exploratória nessa documentação preciosa propicia tanto um conhecimento multiforme da história do Rio Grande Norte dos tempos coloniais quanto possibilita, a posteriori, uma interação entre um antigo passado e um presente em constante mutação. É a partir da possibilidade de uma interação como essa, envolvendo uma instituição cultural ─ o IHGRN e o seu expressivo acervo de documentos escritos provenientes do contexto colonial, especialmente da Capitania do Rio Grande ─, que se visa explicitar pelo ângulo da leitura interpretativa de fontes documentais uma conjugação de manifestações políticas, religiosas, sociais, e também individuais, consoante a (e até mesmo dissonante) da vigência das tradições da cultura portuguesa.

Na cidade de Natal, quem caminha entre a Praça Padre João Maria e a Igreja de Santo Antônio (Igreja do Galo) aprecia um conjunto arquitetônico representado pela Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, o Memorial Câmara Cascudo, o Palácio da Cultura (antigo Palácio do Governo), o Palacete da Prefeitura Municipal, o Museu Café Filho, a Coluna Capitolina e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN).

A Casa do IHGRN, na Rua da Conceição, nº 622, foi construída em 1906, numa época em que se vivia a euforia do remodelamento e do embelezamento das cidades, um projeto das elites republicanas para modernizar a sociedade e as instituições brasileiras. O seu prédio expressa uma arquitetura neoclássica, típica da européia da segunda metade do século 2XIX, revelada por seu desenho geométrico, pelas colunas, pelo entablamento, bem como pelo modo de acesso pelas laterais (valorizado pelas escadarias) e fachada monumental.

Na fachada, destacam-se os frontões curvos triangulares, as balaustradas arrematadas com o coroamento das paredes, as esquadrias em madeira e vidro e os vãos de vergas retas. Esse prédio foi tombado como patrimônio estadual, em 30 de novembro de 1984.

Os Institutos Históricos e Geográficos são instituições responsáveis pelos acervos documentais que guardam grande parte das fontes da história colonial, imperial e republicana brasileira. Sua importância em levantar, metodizar e sistematizar um conhecimento histórico foi tamanha a ponto de o historiador José Honório Rodrigues (1978) afirmar que a pesquisa histórica nasceu com a fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1838, no Rio de Janeiro.

Do ponto de vista dessa missão, o IHGB auxiliou o governo imperial na definição de um projeto de nação e de uma identidade nacional. O IHGB, que se espelhou em agremiações congêneres européias, especialmente o Instituto Histórico de Paris, incentivou a fundação de institutos locais em cada Província, objetivo que, à exceção do Instituto de Pernambuco (fundado em 1862) e o de São Paulo (fundado em 1894), somente foi atingido no início do século XX, a exemplo da criação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN).

O IHGRN, uma das entidades culturais mais antigas do Estado foi fundado, em Natal, sob a inspiração do IHGB, a 29 de março de 1902, durante o primeiro Governo de Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, num momento enfático de preocupação com a preservação do patrimônio histórico-documental, que possibilitaria a escrita da história de acordo com os parâmetros da ciência positivista, do encontro da história nacional com a memória social e do testemunho documental.


(*) Extraído Trabalho de Marta Maria de Araújo Ana Verônica Oliveira Silva da UFRN
Foto: Instituto Histórico e Igreja de N. S. da Apresentação.

20.9.09

Escola Industrial de Natal - 100 Anos (*)


Registramos com emoção e muito orgulho o centenário da nossa saudosa EIN – Escola Industrial de Natal (Av. Rio Branco, 743, Centro). Instituição educacional responsável direta pela nossa formação, instrumento maior do nosso encaminhamento na vida, pessoal, moral e profissional, como também, para milhares de jovens estudantes que por ali passaram seguinte o futuro de suas vidas, cada qual traçando com régua e compasso os seus respectivos destinos.
Historicamente, a Escola Industrial passou por transformações nominativas, tais como: Escola de Aprendizes de Artífices, Liceu Industrial, (Escola Industrial de Natal, em nossa época), ETFERN, CEFET e, atualmente, IFRN.
Tais mudanças demonstram claramente os interesses políticos com o cunho meramente eleitoreiro e criando cada vez mais cabides de empregos. Na verdade, a Escola Industrial jamais deveria ter sofrido alteração na sua denominação específica e mais ainda, na sua filosofia de ensino e educação.
Particularmente, registramos nossa gratidão familiar a essa instituição que nos proporcionou a base fundamental da nossa educação, pois, registramos com muita alegria as oportunidades em que nossa saudosa mãe era homenageada por ser genitora do maior número de filhos que estudavam na escola.
Ademais, merece também registro relevante o gesto magnânimo de um homem de visão socialista como o então Presidente da República, Dr. Nilo Peçanha, criador das nossas Escolas Industriais no Brasil, há exatos 100 anos, que hoje comemoramos com altivez, orgulho e profunda gratidão, sobretudo, pelo que representa como resultado positivo do aprendizado adquirido naquela instituição em favor de todos que por ali passaram.
Importante registrar também, a nossa gratidão indistintamente a todos os nossos mestres, funcionários, servidores, auxiliares, enfim, do nosso diretor ao mais humilde servidor da instituição que se dedicaram sempre como se fossemos nós, alunos, seus próprios filhos.
Deixamos de fazer citações nominais, simplesmente para não cometermos omissões, pois, nossa gratidão é tamanha e a tantos, que seria difícil neste momento cita-los sem esquecimento, por isso, manifestamos expressamente nosso agradecimento eterno a essa instituição de ensino e a todos que dela participaram direta ou indiretamente pela relevante importância que tiveram em nossa formação.

(*) - Cleto Barreto - Advogado e ex-aluno da Escola Industrial de Natal como inúmeros natalenses.
P.S. - Com muito orgulho, embora não seja ex-aluno da E.I.N., a mesma me concedeu o título de Amigo da Escola. (Manoel Neto)

19.9.09

Caranguejada à Graçandú (*)


Caranguejo à Graçandú
com Creme de Leite

20 Caranguejos
1 Pimentão Vermelho
1 Pimentão Verde
6 Cebolas
3 Dentes de Alho
6 Tomates maduros
3 Batatas
3 Xícaras (chá) de Salsinha Picadas
1 Xícara (chá) de Cebolinha Verde picadas
1 Coco Ralado
1 Lata de Creme de Leite
1 Tablete deCaldo de carne
1 Colher (sopa) de Azeite de Oliva
50g de Queijo Ralado
A gosto: Sal, Pimenta-do-reino branca, Farinha de mandioca torrada

1a Etapa:
Coloque o coco ralado aos poucos em 1 litro de água no liquidificador, adicione as 4 cebolas, 4 tomates, 3 dentes de alhos esmagados, 2 xícaras de salsa, 2 xícaras de tempero verde, a pimenta do reino a gosto e o azeite de oliva. Não é necessário peneirar. Coloque os caranguejo em uma travessa adicione o creme de leite mexendo-os bem até deixa-los bem melados, coloque o queijo ralado sobre eles e saboreie com sua bebida preferida. Em tempo: veja se você é capaz de comer apenas um caranguejo. 1a etapa: Lave os caranguejos várias vezes até ficarem sem lama, coloque-os ainda vivos em uma panela com 2 litros de água e leve ao fogo até ferver. Em outra panela coloque o tempero adicione água até completar 2 litros e leve também ao fogo. Quando a água que está o caranguejo ferver substitua esta pela água fervente que esta o tempero para evitar a queda das patas.

2a etapa:
Adicione sal a gosto os 2 tomates inteiros, a batatinha, as 2 cebolas inteiras, o pimentão e deixe ferver por 15 minutos. 3a etapa: Separe parte do caldo para tira gosto e o pirão. Adicione sal aos caranguejos(deixando o caldo pouco salgado) e deixe ferver por mais 5 minutos. Pirão e caldo: Coloque o caldo reservado em fogo brando vá adicionando farinha de mandioca aos pouco sempre mexendo até ficar com a consistência pastosa, sirva o caldo e o pirão com a salsa e o tempero verde.

(*) Receita de Jarbas de Oliveira Cavalcanti

15.9.09

O Atheneu Norte-Riograndense (*)


O Colégio Ateneu Norte-Riograndense foi fundado na capital Natal do Estado do Rio Grande do Norte, antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II, que foi fundado em 2 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, “na Corte”.

A fundação do Ateneu aconteceu em três de fevereiro de 1834, pois no artigo 27, da lei nº 30 sancionada pelo presidente da província do Rio Grande do Norte Basílio Quaresma Torreão em 30 de março de 1834, diz: “o dia três de fevereiro, aniversário da abertura do Ateneu, é feriado”. Além disso, foi no dia três de fevereiro de 1834 que o Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida, vice -diretor do Ateneu, abrira o livro de matrículas das aulas no referido Colégio.

Período do Império, o Ateneu Norte-riograndense tornou-se necessário para suprir as necessidades de quadros para a estrutura social vigente, afinal a estrutura econômica estava assentada em formas de trabalho, como a scravatura, e a educação tradicional privilegiava a elite. Assim, era necessário instituir, na sociedade, uma via eficaz para formar uma classe imbuída da moral dominante, destinada a ocupar as funções públicas e liberais que começavam a se expandir.

A cidade do Natal, em 1834, havia cinco aulas de Humanidades, intituladas Aulas maiores, eram elas: Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim.

O então Presidente da Província, Basílio Quaresma Torreão (1787-1868) solicitou ao Conselho Geral da Província14, a reunião dessas cinco Aulas Maiores num Colégio. Entendemos que é a Basílio Quaresma Torreão que devemos a existência do Ateneu, pois foi ele que teve a iniciativa de reunir as cinco Aulas Maiores num Colégio. Quaresma Torreão amava a História, era letrado e amigo de clássicos.

O nome Ateneu se deve a ele, pois segundo Cascudo: O Ateneu funcionou no antigo Quartel Militar (Av. Rio Branco) de 1834 até 1859, pois a chegada de um batalhão desalojou alunos e professores, forçando-os a estudarem em residências. Em 1º de março de 1859, o Ateneu foi instalado no edifício da rua Junqueira Ayres, atual Secretaria Municipal de Finanças e permaneceu lá até 1954. O prédio do Ateneu era referência na cidade e, muitas vezes, utilizado para outros fins. O professor Clementino Câmara, em Romance do Ateneu Norteriograndense, os parece indignado com tal fato, quando afirma: “não havia edifício onde a escola pudesse funcionar [o autor se refere a Escola Normal]. Para onde iria? O Ateneu estava naturalmente indicado. E lá ficou a escola Normal desde 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910”. Informa ainda que essa decisão se deveu ao Governador Alberto Maranhão que fechou as escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que havia no Estado, e criou a Escola Normal, a fim de preparar gente capacitada. Nas palavras do Professor Clementino Câmara entendemos que a Escola Normal utilizou as dependências do Ateneu até dezembro de 1910. Daí, inferimos que, quarenta e quatro anos depois, a Escola Normal e o Ateneu voltam a utilizar o mesmo espaço.

Após estudos e projetos aprovados pelo Ministério da Educação, foi construído o prédio destinado ao Colégio Estadual do Rio Grande do Norte, o Ateneu, e a Escola de Professores. Salientamos aqui que o Colégio Estadual do Rio Grande do Norte passa a denominar-se Colégio Estadual do Ateneu Norte Riograndense, através do decreto n° 3285, de 3 de fevereiro de 1959.

O prédio construído tem formato de “X”. Foi inaugurado em 11 de março de 1954 e permanece no mesmo local até hoje.

O Atheneu atendia, mesmo que de forma não intencional, a alguns pressupostos que norteiam a pedagogia do contemporâneo. Naquela escola não havia reuniões de pais, mas o ensino correspondia à proposta básica das famílias que era de que seus filhos freqüentassem a escola para aprender e só se aprendia ‘assistindo aulas’.

Nossa inquietação permanece quando nos perguntamos como se deu a modernização do ensino no Estado do Rio Grande do Norte, particularmente, no Ateneu Norte-Riograndense, diante dos fatos apresentados. Desse modo nos perguntamos: e as reformas curriculares e metodológicas que aconteceram no Brasil? Como elas chegaram até o Rio Grande do Norte?

Em 1890 aconteceu a reforma Benjamim Constant, em1901, acontece a reforma Epitácio Pessoa! E quanto as reformas Campos e Capanema, que aconteceram em 1931 e 1942, respectivamente?

Desse modo, acrescentamos mais algumas perguntas a tantas já realizadas: Os professores do Ateneu Norte-riograndense utilizaram o referido didático em suas aulas, no período referenciado? Os alunos tiveram acesso ao mesmo? Os professores do Ateneu Norte-riograndense estavam interessados, de algum modo, nas discussões internacionais sobre o ensino?

Esse fato nos deixa perplexos e questionamos: Como se davam essas aulas? Quais eram os conteúdos? Como se dava a aprendizagem, num espaço de tempo que não era aproveitado no todo pelo professor?

O que expomos até aqui são algumas observações de caráter ainda preliminar. Entretanto, as mesmas nos fornecem subsídios para acreditarmos que nenhuma ou quase nenhuma iniciativa de modernização, de mudança no currículo, de mudança na metodologia era realizada por parte dos professores do ensino secundário do Ateneu.
* - Extraído do trabalho de Liliane dos Santos Gutierre: Colégio Estadual do Atheneu Norte Riograndense: Algumas Reflexões.
Nota: O autor do blog é ex-aluno do Atheneu.

12.9.09

Carnaval na Tavares de Lyra (*)


Em idos dos anos 20 (1920 em diante) se fazia a festa do Carnaval, em Natal (Rn) no bairro da Ribeira, ponto de grandes tradições da nossa história. Era na Av. Tavares de Lyra que os foliões faziam a festa, com desfile em carros Ford, moças no assento de trás ou mesmo nos para lamas dos pneus da frente ou mesmo sendo aclamadas pela mocidade quando passavam pulando em uma espécie de bagageiro que ficava atrás de tudo. Os carros eram como uma Baratinha mais antiga. Os veículos dirigidos por seus donos que seguiam também ornamentados com chapeus de palhaço ou coisa assim, faziam o trajeto pela A. Tavares Lyra, indo então pela Rua Chile, pegando em seguida a Av.Duque de Caxias e retornando pela A. Tavares de Lyra. Tudo era festa com lança-perfume, talco, confetes, serpentinas para o orgulhos dos que tinham carros naquele tempo, e de suas belas e mascaradas filhas, durante a tarde e noite dos tres dias de folia.
Nas calçadas próximas, o povo alegre com a passagem dos veículos vagarosos com as suas damas no seu interior ou no seu para-lamas. Era assim que se festejava o carnaval em uma cidade com ares de interior, naqueles idos do tempo. Na Catedral Metropolitana, o sacerdote não parava de dizer que aquilo er a festa do Demônio e que o bom cristão não deveria participar de tal evento temido pelo clero, nesse tempo, recolhido em oração em lugares distantes do meio da cidade. Mesmo assim, o povo não pensava em pecado e se pecar fosse aquilo, essa gente tinha o resto do ano para se arrepender, mesmo com o padre lhe dizendo que o que ele fizera era arte do Diabo.
Pois bem. Com o Diabo ou não, a festa se realizava costumeiramente e entre os presentes estavam os legítimos representantes do comercio de Natal, e entre estes, os homens menos afortunados da cidade, levando a brincadeira no seu melhor prazer. Via-se dentre muitos outros, o Rei Momo - que era a figura do Demônio para os clérigos, e pessoas que estavam a trocar o dias de trabalho pelo dias de folia. E dentre estes, via-se seu Yoyo - um cidadão que se chamava Melchiardes Barros, eleito por cinco anos, entre 1920 a 1925, venerável da Loja Maçônica "Filhos da Fé", assunto que para o Clero representava o verdadeiro "perigo", pois a Igreja nunca se deu bem com a Maçonaria. E muitos outros adeptos da folia frequentvam as festas de Rei Momo, como o cidadão Zé Areias, cujo nome verdadeiro era José Antõnio Areias Filho, nascido no ano de 1900. Zé Areias era um autêntico folião que se vestia de mulher para se disfarçar, apesar de não usar máscara, fazendo arranjos no cabelo. Os seios avantajados de Zé Areias dava um toque a mais na sua idementária femenina. No meio dos que brincavam a folia estava o homem, popular por assim dizer, jogando confetes nos demais participantes, num toque de quem bem dizia: com dinheiro ou sem dinheiro, meu amor, eu brinco.
Na festa popular dos antigos carnavais costumava-se vê figuras como Zé Areias e seu Yoyo a fazer a animada algazarra. Seu Yoyo, para bem dizer, era um homem de baixa estatura, bem gordo, pele clara e, no Carnaval, ele saía ornamentado do homem pobre carregando um pinico com cerveja e linguiça dentro dele que dava a impressão de ser algo intoleravel de se olhar. Seu Yoyo carregava o pinico na altura de sua cintura, passeando para lá e pra cá. Sem falar. Naqueles aureos tempos como também não havia rádio e os gramofones eram peças raras e caras, o povo brincava com as melodias fetas em marchinhas que pouco gante decorava-lha a letra por completo, ficando apenas no soar do estribilho.
Em 1723 o carnaval chegou ao Brasil sob a influencia européia. Somente no século XIX é que os blocos carnavalescos surgiram com os carros decorados e pessoas fantasiadas de forma bem parecida como se faz nos tempos mais recentes. Mesmo assim, apesar de haver uma aceitação por parte da Igreja, nos idos 20 tinha-se o propósico de se rejeitar uma tradição pagã que teve origem na Grécia por volta dos anos 600 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade dTamanho da fonteo solo e pela produção..Bem após, já os romanos inseriram bebidas e sexos na festa tornando intoleravel para a Igreja
* Alderico Leandro - Jornalista, poeta e crítico literário. - Foto: Cais da Tavares deLyra.

7.9.09

Em memória de Martha Salem (*)


Faleceu no dia 28 de agosto de 2009 em Natal e foi enterrada no Cemitério de Nova Descoberta dona Martha Wanderley Salem, assuense de velha estirpe, prima em segundo grau da Baronesa de Serra Branca, D. Belisária, primeira grande proprietária rural potiguar a libertar seus escravos e a recepcioná-los com um jantar em que, vestida de touca e avental, os serviu solenemente da mesma maneira como se acostumara a ser servida.
Ainda menina, o pai a levou para conhecer a prima baronesa em seu solar, atualmente a Casa de Cultura do Assu. Uns setenta anos depois, D. Martha me contava que ficara decepcionada, pois esperava encontrar uma grande personagem, luxuosamente vestida e coberta de jóias, cercada de serviçais, e deparara com uma mulher simples, falando pouco e baixo, curiosa acerca dos familiares, modestamente vestida… Era D. Belisária uma dama ascética e piedosa, sendo o seu único luxo a carruagem puxada por duas imponentes parelhas de cavalos puro sangue que a transportava do Assu aos seus domínios de Serra Branca, em Santana do Matos. Dona Martha a descrevia como uma mulher “quase sem carnes, chochinha e sem graça…”
Amiga de mais de quarenta anos, adorava ouvi-la discorrer sobre o passado da nossa querida e velha cidade. Lembro-me a propósito do quanto aprendi sobre os hábitos alimentares dos assuenses há mais de 100 anos; dos assuenses, claro, da sua categoria social e de outras peculiaridades etnográficas que eu ia buscar no fundo da sua memória.
Filha de Minervino Wanderley, tesoureiro e administrador das propriedades e bens pertencentes à Paróquia de São João Batista, que apesar de santo chegou a ser um grande latifundiário, fez parte da primeira turma de alunas do tradicional Colégio Nossa Senhora das Vitórias, administrado por religiosas austríacas que lhe ensinaram três idiomas, o alemão, o inglês e o francês.
Voluntária avant la lettre, dedicou-se por mais de setenta anos a ensinar esses idiomas, especialmente o alemão que era a língua natal de suas inesquecíveis mestras estrangeiras. Há uns cinco ou seis anos, almoçando em sua companhia, perguntei-lhe se recebera alguma vez alguma manifestação de reconhecimento do governo alemão e ela respondeu-me que não.
Nesse mesmo dia – um domingo – ao voltar para casa, escrevi um artigo a respeito e, após publicá-lo no Mensageiro Potiguar, mensário criado pela jornalista Nadja Lira, remeti-o ao embaixador alemão em Brasília, encarecendo o pioneirismo de Dona Martha como propagadora entre nós do seu idioma. Pouco depois, ela foi procurada pelo cônsul que a homenageou, se não me engano, com uma comenda…

(*) Franklin Jorge
P.S.: Dona Martha era Cidadã Natalense, título outorgado pelos Vereadores de nossa capital.

5.9.09

Comer e Beber (*)


Parece oportuno verificar o que comia e bebia o natalense no fim do século XIX: as frutas, os peixes, os doces, as bebidas, os pratos típicos.

Nos dois mercados, além da feira no Passo da Pátria, encontravam-se várias frutas apanhadas nos sítios e matas em redor da cidade. Umas abundantes ainda hoje. Outras, já raras. Por exemplo: eram e continua abundantes, a mangaba, os cajus, cajaranas. Mas já não é fácil, nos mercados, frutas como a massaranduba, guabiraba, camboins, oitis, ingás de corda, como ele chamava. E outras que poucos conheceram, como as ubaias e os guajerus. Todavia, para colher essas frutas, havia que enfrentar os inimigos traçoeiros dos matos: as formigas de fogo, cobras nas moitas e vespas na galhada. As caças mais abundantes na época eram os jacus, inhambus, cotias e tatus.

Diz Lindolpho Câmara que não havia terra com maior abundância de peixes e crustáceos do que Natal daquela época. Trazidos pelas jangadas dos pescadores, enumeravam-se a cavala, o dentão, a cioba, o pargo, a pescada, a bicuda, o dourado, a corvina, o beijupirá e o cação. Nas praias, através dos currais ou da pesca de arrastão, com tresmalhos ou tarrafas, estavam as tainhas, sardinhas, espadas, palombetas, galos, carapebas, carapicus, bagre, baiacu, agulhas e agulhões. Pescados nos mangues e recifes da Fortaleza, lembra os camarões, lagostas, lagostins, caranguejos, siris e aratus. Outras variedades eram os ouriços, ostras, mariscos, unhas de velho e polvos. De Ponta Negra, apesar da “longitude da travessia”, vinham os xaréus. Quanto à carne verde, o autor informa que eram abatidas duas rezes nos dias comuns e três, do sábado para o domingo e dias festivos, para toda população.

A venda dos peixes, nos mercados, era feita tradicionalmente anunciada pelo eco de um grande búzio, “soprado por sujeito de fôlego e que estrondava pela cidade silenciosa até os seus confins”.

Os pratos típicos mais famosos parecem que eram as “dobradinhas”, “cobiça dos gastrônomos”, diz o autor, feitas com “livros” ou “folhoso”. A propósito desses “livros”, conta uma anedota de certo tipo popular, o negro Moisés, servente ou oficial de justiça, que andava sempre de sobrecasaca e cartola. Ao cruzar com o juiz de direito, sobraçando um “livro” (estômago de boi), indagou a autoridade:


- O que levas aí, é a Bíblia?
Resposta rápida do negro:
- Não senhor, é o Código Penal.

O autor faz referências a outros pratos cuja fama chegou até nós: os mocotós, para as mãos-de-vaca ou panelada; os miolos, para as fritadas; as tripas e lingüiças.

Das bebidas, só há registro da cachaça de Papari, que ele chama “a deusa dos ébrios”, e a “laranjinha”. Para as pessoas de categoria, havia a “Genebra de Holanda”, importada em botijas de barro vitrificado.

Já há cem anos certas bebidas se confundiam com remédios poderosos: a Genebra era receitada também para cólicas intestinais, defluxeiras, espinhela caída, maus-olhados, sarampo e bexiga recolhida... Hoje, a cachaça corta resfriado e o uísque é bom para o coração...

* Veríssimo de Melo - Foto: Jaeci - Areia Preta

3.9.09

Um marco para a História Potiguar. (*)


Guardando imponente a foz do rio Potengi, a Fortaleza dos Reis Magos é o mais importante monumento histórico de Natal, projeto do Padre Gaspar de Sampares, jesuíta com sólidos conhecimentos de engenharia, que compunha a expedição comandada por Mascarenhas Homem, vinda de Portugal com a finalidade de expulsar os franceses, construir um forte e fundar a cidade.

Mais antigo que a própria cidade, a Fortaleza começou a ser construída em 6 de janeiro de 1598, dia dos Santos Reis. Não passava então de uma típica instalação militar do século XVI, uma frágil garantia de segurança para os portugueses, em constante embate contra franceses e índios. Seis meses depois, João Rodrigues Colaço assumiu o cargo de Capitão-Mor da Fortaleza.
Reconstruída seguidamente, manteve sempre as características da planta original.

Sua forma atual, lembrando uma estrela de cinco pontas, surgiu somente em 1614, num projeto do arquiteto militar Francisco Frias de Mesquita. Concluído em 1628, o novo forte ficou pouco tempo nas mãos dos portugueses. Em 1633, foi conquistado pelos holandeses da Companhia das Índias Ocidentais, passando a chamar-se Castelo de Keulen.

O domínio holandês na região durou duas décadas e, durante este período, o Forte dos Reis Magos serviu não apenas como instalação de defesa, mas também de prisão para brasileiros e portugueses e casa de hóspedes para personalidades, como o príncipe Maurício de Nassau.

A Fortaleza foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 15 de janeiro de 1949 e em 1965, incorporada ao patrimônio cultural da Fundação José Augusto, por decreto governamental.

Hoje, o Velho Bastião, quer pela arquitetura militar portuguesa, quer pela história que encerra, quer pela expressiva visitação de nacionais e estrangeiros, destaca-se como importante pólo no universo turístico-cultural do Estado do Rio Grande do Norte.

A Fortaleza dos Reis Magos constitui-se no marco principal do entrelaçamento das culturas européia e nativa, onde se desenvolveu toda a dinâmica social, em seus múltiplos e variados aspectos, dando origem a colonização da Capitania do Rio Grande, servindo, ainda, de referência e apoio às fundações dos Estados do Ceará, Maranhão, Pará e à conquista do Norte do Brasil.

A Fundação José Augusto revitalizou a Fortaleza dos Reis Magos e seu entorno, com intenções de abrigar as mais diversas expressões das artes, tais como exposições temporárias, saraus, concertos e, ainda, torná-lo um local aprazível de lazer, buscando alcançar o retorno social que o custo de sua manutenção requer. Ao mesmo tempo, resgatando e valorizando a importância daquele magnífico monumento, riquíssimo em história e em exemplos de bravura e patriotismo, para o Estado do Rio Grande do Norte, para a Cidade de Natal e, fundamentalmente, para a sociedade potiguar.

* Alexandro Gurgel - Jornalista