31.1.10

Vocabulário "caba-da-peste"!!!



Detesto quando as pessoas imitam (= arremedam) o nosso sotaque e os termos que usamos, mas não posso negar que o nosso vocabulário, realmente, é muito divertido. Aqui vão exemplos de algumas expressões:

Botão... é pitôco
Se é miúdo... é pixototinho
Se é pequeno... é cotôco
Tudo que é bom... é massa
Tudo que não tem qualidade... é peba
Rir dos outros... é mangar
Se é franzino... é xôxo
O bobo... se chama leso
E o medroso... chama frouxo
Tá estranho... tá tronxo
Vai sair diz... vou chegar
Mendigo... é esmolé
Cara (=caba) sem dinheiro... é liso
Pernilongo... é muriçoca (foto*)
Chicote... se chama açoite
Quem entra sem licença... emburaca
Sinal de espanto... é vôte!
Se tá folgado... tá folote
Se a calça tá curta... tá pegando-marreco
Botar banca, fazer confusão ou bagunça... é botar boneco
Uma pessoa bem magrinha... é um cibite baliado
Ficar furioso... é pegar ar
Desistir, se humilhar... é pedir leite, pedir arrego
Detonar, difamar, esculachar... é botar pra lascar
Quem tem sorte... é cagado
Quem dá furo... é fulero
Sujeira de olho... é remela
Gente insistente... é pegajosa
Agonia... é aperreio
Meleca se chama... catota
Gases se chama... bufa
Catinga de suor... é inhaca
Palhaçada... é munganga
Desarrumado... é malamanhado
Bainha... é abanhado
Pessoa triste... é borocoxô
É mesmo!... é Iapôis!
Correr atrás de alguém... é dar uma carrera
Cabide... é ombrêra
Passear... é bater perna
Fofoca... é babado, resenha
Estouro... se chama pipôco
Confusão... é rolo
Bater no carro... é dar uma barruada
Jogar fora... é rebolar no mato
Ficar puto, irado... é ficar grosso!
Qualquer coisa... é “negócio”
Dar uma surra, bater... é dar uma "pisa"
Fazer a volta... é arrudiar
Colocar a camisa por dentro da calça... é ensacar
Se não souber do verbo diz... coisar!!!

Enviado por Ivan Pípolo - * Foto: "Muriçoca" de Sônia Furtado

29.1.10

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25.1.10

Danças Folclóricas e Autos Populares


O Folclore do Rio Grande do Norte é bastante rico em Autos e Danças Populares. Manifestações como o Côco, o Bumba-meu-Boi, a Embolada, os Presépios e os Fandangos são alguns dos formadores da identidade cultural do Estado.Muito comuns por todos os municípios nos séculos XIX e XX, atualmente estas formas de expressão estão cada vez mais difíceis de se encontrar, reservando-se a espetáculos folclóricos e eventos comemorativos. Muito dessa extinção deve-se ao “progresso” e ao advento das grandes cidades. A televisão e o cinema têm ocupado cada vez mais espaço na formação cultural da população, e as danças típicas perdem espaço para as mais modernas.
As danças populares podem ser classificadas em dois tipos: o mais importante é o dos Autos Populares, uma espécie de ópera, onde há uma dramatização específica para cada um dos Autos; e também as Danças Populares puras, sem qualquer dramatização envolvida, onde o que as diferencia é o ritmo envolvido.Os maiores exemplos de Autos encontrados no Rio Grande do Norte são os Fandangos, Cheganças, e Bois. Nos dois primeiros, o Auto tem inspiração marítima e é encenado com os participantes vestidos de marinheiros, sendo que no fandango são celebradas as conquistas marítimas, e na Chegança há a encenação de uma luta entre cristãos e mouros. Já o Boi (há vários tipos de Boi: Bumba-meu-boi, Boi-de-Reis, Boi-calemba) é uma das principais e mais famosas festas folclóricas populares do Brasil, sendo o foco da dramatização a história da morte e ressurreição de um boi, o personagem principal da trama.
Já as Danças Folclóricas mais famosas no Estado são os Cocos, Bambelôs, Emboladas, Bandeirinhas e Capelinhas-de-melão. Estas duas últimas são características das Festividades Juninas. Os Cocos e Bambelôs são danças típicas de roda.
A grande diferença dos Autos é que não há caracterização e todos podem participar. Hoje ainda há apresentações de artistas folclóricos em festivais e eventos culturais em Natal e em cidades do interior do Estado.
Impossível falar do Folclore no Rio Grande do Norte sem falar de Câmara Cascudo, o maior folclorista do Brasil. O escritor potiguar, nascido em 30 de Dezembro de 1898 registrou a história das Danças Populares no RN desde a primeira apresentação oficial de uma dança folclórica em Natal, em 1812. Dentre suas obras, está o famoso Dicionário do Folclore Brasileiro, a maior obra sobre os personagens do imaginário popular brasileiro.
Em Natal, a Capitania das Artes conta com uma programação cultural sempre atualizada.

Texto por Lilian Canen e Mosaico das fotos por Esdras Nobre.

16.1.10

Padre João Maria


João Maria Cavalcanti de Brito, conhecido como Padre João Maria, nasceu em 23/06/1848 e faleceu em 16/10/1905 ).
Nascido na antiga Fazenda Logradouro do Barro, hoje Fazenda Três Riachos, em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte, era filho de Amaro Cavalcanti e Ana de Barros. Entrou no Seminário de Fortaleza com 13 anos e foi ordenado sacerdote em 30/11/1871. Realizou a primeira missa quando tinha apenas 23 anos e assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, antiga catedral de Natal, em 07/08/1881.
“O passado está sempre a refletir no presente seus exemplos e suas virtudes. Nós do presente temos o dever precípuo de fixar para o futuro as coisas de outrora. Adentremos, pois, a poeira do tempo e de lá tiremos as coisas silentes e sacrossantas” disse Boanerges Soares, iniciando discurso em louvor à memória do Pe. João Maria.
Natal à época, último quartel do século XIX, era literalmente “um vale branco entre coqueiros”, como cantava Ferreira Itajubá, onde abundavam poetas e boêmios a serenatearem por ruas de sugestivos nomes, tais como: da Estrela, dos Tocos, da Palha, do Camboim, do Sebo, da Laranjeira, dos Preguiçosos e outras mais. Era comum deparar-se com a figura do canequeiro, popular que ganhava a vida vendendo água em canecos.
Integrou o Movimento Abolicionista fundando a Sociedade Libertadora Norteriograndense e a imprensa católica de Natal dirigindo o periódico Oito de Setembro.
Foi nessa época que ele passou a ser conhecido pela sua extrema solidariedade, Padre João Maria marcou sua vida com uma meta bem definida: ajudar aos mais pobres. A determinação em estar ao lado dos que precisam, foi confirmada quando o Rio Grande do Norte foi atingido por uma epidemia de varíola, no final do século XIX, seguida de uma grande seca. Padre João Maria também distribua alimentos as pessoas mais pobres da cidade.
Desde então, é considerado como o Santo de Natal, aonde foi construída, por trás da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, uma praça em sua homenagem, lá existe um busto seu, onde fieis costumam fazer promessas se benzem com água benta e agradecem ao "santo" com pequenos objetos que fazem alusão às graças obtidas, a ele são atribuídas inúmeras graças, principalmente as que amenizam o sofrimento dos fiéis.
Devido ao grande esforço despendido nas suas atividades, contraiu varíola e por ordem médica afastou-se da paróquia e foi para casa de amigos no Alto do Juruá em Belo Monte (hoje Petrópolis) onde veio a falecer.
O lado mais autêntico dos fatos, contudo, verifica-se na espontaneidade popular, em devoção diária e constante, seja ante o seu busto na praça pública, na Cidade Alta, atrás da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, antiga Catedral, em frente a seu túmulo, no cemitério do Alecrim, na igreja do alto do Juruá, que as pessoas insistem em atribuí-la ao padre João Maria, ou mesmo no recolhimento dos lares. Os milagres, fez ainda em vida, no enfrentamento de tanta dificuldade. Hoje continua a fazê-los, através da fé que inspira, da esperança que consola os que lhe recorrem e da memória imorredoura de seu inesgotável amor, cuja chama se mantém, acesa no coração do povo potiguar.

Fontes: Ubiratan Queiroz e Wikipédia - Foto Sônia Furtado

10.1.10

Invasão Holandesa e o Brasão Holandês do Rio Grande do Norte.

Brasão Holandês do Rio Grande do Norte

Os holandeses cunharam as
primeiras moedas Brasileiras

A invasão.
A invasão do Rio Grande deu-se muito mais pela sua localização geográfica, servindo assim de ponto estratégico para o fortalecimento do domínio holandês no Brasil, e pela sua potencialidade no tocante ao fornecimento de provisão, sobretudo carne bovina aos moradores de Pernambuco, que pela sua produção açucareira ou até mesmo potencialidade nesta atividade econômica ou em outras atividades como a aurífera que também as interessava.
A estratégia usada para a invasão consistiu em, primeiro, obter informações sobre o poder de força lusa na capitania e, segundo, fazer o reconhecimento do litoral potiguar e buscar articulações com a indiaria. Isso se deu inicialmente em outubro de 1631, com o envio de uma grande expedição ao Rio Grande, que terminou por não lograr êxito no tocante à invasão em si, em razão da brava reação do então capitão-mor Cipriano Pita Porto Carreiro.
A 5 de dezembro de 1633, zarpava de Recife uma esquadra comandada pelo Almirante Jean Cornelissen Liichthord, com o objectivo de conquistar o Forte dos Reis Magos. Esta esquadra era composta de 4 navios e 7 iates. Neles embarcavam 808 homens.
Forte dos Reis Magos
O tenente-coronel Baltasar Bima, comandava as operações militares. Também fazia parte desta expedição, o conselheiro Carpentier e Matais Vau Keulen, um dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais.
No dia 8 de dezembro, dá-se o desembarque em uma praia estreita, cercada de altas barreiras (até hoje não se sabe ao certo se era Ponta Negra). Daí separam-se as tropas, seguindo uma pelo mar, outra por terra, atravessando as dunas até chegar em Natal.
Os Holandeses construíram seus acampamentos nas proximidades do Forte, de forma que ficariam protegidos do ataque dos que lá estavam por uma duna quase tão alta quanto o Forte.
Diante da recusa do Comandante do Forte, Pero Mendes Gouveia, em ceder ao pedido dos holandeses, que queriam tomar o Forte, o combate se inicia em 8 de dezembro. No dia 10, o comandante do Forte é gravemente ferido. No dia 12, surge uma bandeira branca sobre as muralhas da Fortaleza, pedindo paz, a luta era de total incompatibilidade, 808 flamengos contra 85 portugueses. Ao ver a bandeira branca, o tenente-coronel Baltasar envia uma mensagem ao comandante do Forte, pedindo que ele se rendesse imediatamente; este, no entanto, negou-se e afirmou não ter sido dele a idéia de pedir paz.
Dentro do Forte havia pessoas estranhas e estes haviam colocado a bandeira pedindo a paz, entre as pessoas estavam um foragido, um condenado à morte e outro que havia vindo na expedição. O coronel Baltasar recebe uma carta de rendição e a recusa por não ter a assinatura do comandante, mas o Sargento Sebastião Pinheiro Coelho, que era o foragido que estava refugiado no Forte, afirma ter assumido o comando, uma vez que Pero Mendes encontrava-se enfermo e incapaz de tomar alguma decisão.
As negociações são feitas, os holandeses atendem a algumas reivindicações dos derrotados e ,no forte, é hasteada a bandeira dos flamengos, substituindo a bandeira portuguesa.
Isso aconteceu em 12 de dezembro de 1633, iniciando-se assim o domínio holandês no Rio Grande do Norte, seguindo-se até 1654.
Após tomarem o Forte, os holandeses se mostraram solidários com os derrotados, prestaram socorro ao comandante Pero Mendes e o enviaram para Recife.
Há historiadores que consideram a tomada do Forte como sendo possibilitada por uma traição, visto as negociações terem sido feitas com um preso e outro condenado à morte. Outros consideram realmente rendição.
Em homenagem ao diretor da Companhia das Índias Ocidentais, os holandeses trocaram o nome de Fortaleza dos Reis Magos por Castelo de Keulen.
Durante o domínio holandês o nosso Estado foi governado por 3 capitães: Joris Garstman Bijles, Johans Blaenbeeck, Jan Denniger e um major: Bayert, todos eles flamengos.
A atuação do domínio holandês limitou-se às regiões do litoral e do agreste.
O Brasão.
O conde Maurício de Nassau, e, 1639, deu a cada capitania o seu brasão. O do Rio Grande foi descrito por Barléu desta maneira: "A província Rio Grande tinha por armas um rio, em cujas margens pisava ave. Havia, ainda, uma estrela de prata, na parte superior e o mote: velociter".
Para alguns autores, a ema foi escolhida para ilustrar o brasão, porque essa ave existia em grande número na referida região. Câmara Cascudo, contudo, discorda e afirma: "a ema nunca foi em tempo algum característica da fauna norte-rio-grandenses e especialmente no domínio holandês ". Mais um argumento apresentado por Câmara Cascudo" "caso Nassau desejasse colocar algo característico da capitania, teria, naturalmente, escolhido o gado, uma das razões para a conquista da região". E aponta outro motivo para a escolha da ema: uma homenagem de Nassau a um grande chefe cariri, Janduí, amigo dos holandeses, desenvolvendo uma argumentação convincente: "Janduí é o chefe das tropas fiéis, prontas, irresistíveis (...) Janduí é nome tupi, corrução de NHANDU, uma pequena e por autonomia, o corredor, o que corre muito. Daí o lema, VELOCITER", num estudo publicado na regista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Câmara Cascudo chegou a dizer o seguinte: "sem Janduí a companhia não sustinha o Rio Grande duas semanas. Natural, portanto, que Nassau prestasse uma homenagem ao fiel amigo. E, ainda, os janduís eram notáveis pela rapidez com que se deslocavam. Justificando, assim, o mote "VELOCITER". Razão, portanto, tem Câmara Cascudo quando concluiu que "Janduí é a ema do brasão holandês no Rio Grande do Norte".


Fonte: Jornal O Rebate e Tribuna do Norte - Imagens: Pesquisa na Internet

8.1.10

Palácio do Governo e Boate Plaza.



Este aqui foi o Palácio do Governo e findou sendo a Wunder-bar, onde funcionava um cabaré denominado Plaza*, de gente mais ou menos rica. O Palácio do Governo funcionou nesse prédio em junho de 1869. O prédio pertencia a Domingos Henrique de Oliveira, comerciante rico de Natal. O Governador era Pedro Barros Cavalcanti de Albuquerque. A rua não era a Chile, mas a Rua do Comércio, visto que alí se concentrava a grande parte dos comerciantes da época. O prédio era um sobrado e o Governador morava na parte de cima. Pelo que se tem visto na História do Rio Grande do Norte, aquele era o sobrado mais caro, mais imponente e mais alto que existia em Natal. Foi uma época intensa na vida da política do Estado.
Com o passar do tempo, o Palácio virou em uma casa de comércio, na parte de baixo, com um vasto sortimento de secos e molhados pertencente a um verdadeiro homem de visão, Aurino Suassuna que deu emprego a uma ou duas dezenas de operários. Os consumidores que frequentavam o armazém eram recebidos e tidos como alguém de alta classe, pelos atendentes que sempre estavam a esperade mais um consumidor As pessoas mais ricas de Natal sempre se dirigiam àquele Armazém para fazer as suas compras de mercado. Isso, no ano de 1950, antes e depois. O sobrado tinha dois andares e as pessoas que alí frequentavam sentiam-se orgulhosas de estar fazendo as suas compras naquela casa de comércio, a mais ilustre da capital. No prédio em que ficava a casa de negócios, quem fosse ali, passava por montes de sacos e de bebidas finas que existiam na época na capital. Na verdade, era um assombro se ouvir dizer que se fez as compras naquela casa.
O tempo foi passando e o lugar foi alugado pelo dono de uma boate chamada Plaza*. No local, tinham vitrolas, bailes, bebidas, comidas e muitas mulheres semi-vestidas fazendo o afago a seus namorados por um instante. Para se chegar até o palácio das ilusões fortuitas, entrava-se por uma porta nos fundos do edifício que dava para o rio Potengi. Todas as noites eram de prazer e de muito amor. As damas da noite, sorridentes, convidavam o seu amante para beber e lhe pagar também, um drinque e um cigarro americano. Homens já velhos, charutos na boca, se agasalhavam entre os seios da mulher amada e dava a ordem que ela podia pedir o que quisesse. Sorrisos em desalinhos, uma pintura de uma deusa em um lugar da parede, salão grenat e todo o recinto era tomado de perfumes de mulheres em seu investigativo olhar para o seu amante da noite. Fervorosos gritos suaves acompanhavam o parceiro na dança em meio a roda que se formava entre os dois. Com um pouco, três e mais além, todos os homens que ainda se aguentavam de pé.
O tempo, inexorável, foi passando e de cabaré só a lembrança dos homens mais velhos. No vetusto edifício, a água escorria como um ébrio que balança em uma imaginária corda bamba. Era o tempo da chuva. Chuva torrencial que levava aos trambolhões tudo o que aplicava em seu caminho. Na rua, caminhos de todos, outros noturnos ébrios se agasalhavam com o que podia da uma cobertura. O céu era plúmbeo dando a impressão que aquela noite não mais teria fim. Do cais ao lado, as buzinas dos barcos anunciando a chegada ou partida. O tempo rugia, frenético, por entre as paredes do Casarão. Em um momento nunca esperado, ouviu-se um estrondo. Algo que ruía por completo. Alguém olhou um tanto ébrio e pensou que era o tempo de dormir. Do casarão, uma parte enorme do edifício se espatifou no chão calçado. Era o fim, com certeza, daquele que foi um dia o Palácio do Governo, do Armazém de Cereais, da boate.

Texto original de Alderico Leandro. - *Com observações de Moacy Cirne. Foto: Frank Correia.

2.1.10

A Bunda Que Vale Tudo (soneto)


Pedroliveira, meu pai, e Nilson Patriota foram amigos desde a adolescência. Na juventude e durante muito tempo gostavam de se reunir para declamarem poesias, de própria autoria ou de terceiros. Nilson, que se tornou grande poeta quando jovem usava o pseudônimo de La Tequere.

Ao longo do tempo um soneto desta época, feito por Nilson ficou apenas na memória de meu pai. Por diversas vezes, após sua morte ao encontrar-me com Nilson eu repetia o primeiro verso porque não sabia os restantes e ele nunca deixava de cobrar o soneto e nunca o fiz por displicência.

Fiquei devendo isto a Nilson.

Ambos confirmaram a história do soneto: Certo comerciante do Alecrim tinha uma filha muito gostosa, mas do tipo “feia de cara, mas boa de bunda” e nos seus papos, ainda nos anos 40, sempre a viam passar pela Rua Amaro Barreto, e Nilson não perdeu a oportunidade e o soneto ficou.


A Bunda Que Vale Tudo


Quando ela passa, todo mundo espia.

Não para a cara que não é formosa

E sim para a bunda, e que bunda mimosa.

Em bunda eu nunca vi tanta magia.


Treme, requebra, anseia, rodopia,

Dentro de uma expressão maravilhosa

É uma bunda de carne cor de rosa

Da cor do Sol quando é dia.


E ela sabe que essa bunda é boa

Vai rebolando pelo mundo à toa

Deixando a multidão maravilhada.


Eu a contemplo em silêncio mudo

Não pela cara que não vale nada

E sim pela bunda que vale tudo.

(La Tequere)