15.10.08

De Pé No Chão Também Se Aprende A Ler (Texto)


Esse era o lema de um conjunto de palhoças que no tempo em que Djalma Maranhão era Prefeito de Natal. Sem ter meios para construir escolas formais, Djalma aproveitou algo que estava sobrando nos bairros periféricos da cidade: a palha de coqueiro. E assim promoveu a construção de barracos, feitos com paus e cobertos com palha para dar ás crianças pobres um pouco de saber. Isso foi no ano de 1961, quando ele assumiu a Prefeitura, algo que revolucionou completamente a cidade.
Pela primeira vez, um prefeito agia de tal forma em qualquer parte do Brasil e do exterior, também. Seu gasto era pouco, pois a palha do coqueiro era abundante em toda a capital. As palhoças foram armadas em diferentes bairros da capital, onde havia crianças mais pobres, como, por exemplo, nas Rocas e no Carrasco. Os professores podiam ser de bairros próximos dos locais onde estavam as barracas. Um lema foi a principal motivação para essa arrancada: "De pé no chão também se aprende a ler". Isso encerra que a educação não chega à criança por meio de uma escola nobre e bela. A educação chega ao aluno pela forma mais simples que se tem a mostrar: o ouvido. Um exemplo que ninguém ainda pensara. "O OUVIDO". O professor transmite o fator educação para a criança que capta aquela esfera no seu ouvido e, daí, para o cérebro. Do cérebro para o seu comportamento de vida. A criança não precisa de sapatos, porque, mesmo sem sapatos, chinelos ou mesmo alpargatas ela está ali para aprender e saber ler algo que o professor lhe ensina. Nas Rocas, um bairro pobre naquela época, tais mocambos chegaram como uma graça. Uma graça divina. Os alunos moravam na rua da Cerca (Praia da Montagem), uma rua separada por uma cerca dos tanques de combustíveis das empresas americanas, e de outros locais, como Rua das Dunas, Rua Jordanês, e outras existentes naquele bairro. O pagamento das professoras, isso não era o ponto nefrálgico da questão, pois muitas mestras se candidataram a ensinar de graça, sem nem um tostão para o seu pagamento. Era algo encantador o ritmo que o sistema de educação tomava conta da capital. Nas Rocas, era certo, já havia escola construída com dinheiro do Estado, como o Grupo Escolar Isabel Gondim.
Mesmo assim, era apenas um. E nada mais. As palhoças vieram como uma salvação. Em fim, pegaria uma boa parte dos meninos e meninas que ainda não tinham matriculas em outra escola.As cabanas deram origem ao surgimento do bairro Brasília Teimosa, onde houve muita briga com a fiscalização, derrubando as taperas e de novo, elas voltavam a ser construídas. As barracas de ensino terminaram por ser transformadas em escolas regulares, com a construção de suas paredes. A escola De Pé no Chão, essas foram interditadas quando o prefeito Djalma Maranhão foi caçado pela Ditadura e teve que sair da cidade, indo morar, viver e também morrer longe da sua terra, deixando aqui a saudade dos que com ele conheceram as dificuldades de uma pobre e pequena metrópole. Mesmo assim, ainda hoje, não se esquece aquela escola sem paredes que os professores, vívidos e alegres, queriam apenas ensinar aos seus queridos alunos, mesmo que fossem apenas de pé no chão, pois todos queriam saber ler e escrever. Belos dias aqueles que as crianças podiam viver brincar e saber.
(Enviada por Alderico Leandro Álvares - http://leandroalvares.blogspot.com/)
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