29.12.09

Aruá

Hillman 1948
Hillman 1949

"Conheci Aruá trabalhando como motorista na Praça Hillman. Era um cara formidável e por seu intermédio conheci Chaguinha, seu colega de profissão que trabalhava na Praça da Ribeira. Eram dois motoristas natos, cada vez que se encontravam surgia sempre uma piada diferente. Nunca vi tanto senso de humor e a, além disso, os dois moravam em Lagoa Seca e eram vizinhos.
-x-
Um dia Aruá acordou mais cedo e sentou-se na calçada.
Chaguinha viu aquilo e sentou-se ao seu lado e começaram a conversar.
Lá pras tantas Chaguinha diz:
“Minha mulher passou a noite arriada”.
Aruá pergunta:
“Por quem?”.
Passaram-se muitos dias e a cena se repetiu. Chaguinha sentado na calçada e chega Aruá e começam a conversar. Lá pras tantas Aruá diz:
“A minha mulher está grávida”.
Responde Chaguinha:
“Você já desconfia de alguém?”.
-x-
Aruá chega em casa, e sua mãe o estava esperando e foi logo dizendo: “Está faltando tudo nesta casa, falta café, açúcar, pão, feijão, carne, farinha, água, luz,... afinal de contas não tem nada”.
Responde Aruá:
“Então vamos nos mudar”.

Aruá trabalhou algum tempo comigo sendo demitido depois de algum tempo. Porque embora fosse uma excelente pessoa como funcionário me trazia alguns problemas. Depois de demitido, e transcorridos alguns meses me encontrei com ele e disse:
- Aruá, quanto tempo que não lhe via!
- Pedro, se você quisesse me ver, não teria me demitido, respondeu".

Por Pedro de Oliveira Cavalcanti - Pedro de Nezinho, meu pai.
Fotos: Automóveis Hillman 1948 e 1949.

27.12.09

Feliz Ano Novo!


Estamos nos aproximando do Ano Novo.

Poucos dias para o término do ano velho que passou com dificuldades para muitos enquanto outros tranqüilamente o atravessaram.

Riquezas, não só materiais, ganhas, riquezas perdidas, entre elas pessoas queridas e importantes na nossa vida.


Teremos no próximo ano a repetição orquestrada de várias coisas.

Teremos Copa do Mundo.

Teremos campanhas políticas com promessas vãs abundantes de mentiras e falsidades.

Teremos Papos-cabeça sobre aquecimento global e recuperação da economia.

Teremos de ouvir declarações e promessas de dirigentes que entrarão no anedotário universal, mas que refletirão nos costados dos humildes.

Teremos os impostos aumentados de uma forma ou de outra,

Que seja um ano, mesmo assim, com sol para deleite dos urbanos e litorâneos, mas com chuva suficiente para os trinta por cento dos brasileiros que produzem para esses.


Que a educação e saúde cheguem um pouco mais, nunca um pouco menos, para os jovens, adultos e idosos.

Que os ateus e agnósticos sejam iluminados com um pouco de religiosidade.

Que os poderosos caminhem em direção ao fim das guerras.

Que a ganância e a inveja sejam pelo menos atenuadas nos corações de cada um.

Que seja possível aprender com os solidários a ser como eles.

Que não deixemos de cumprir nossas juras e promessas ditas nos momentos de confraternização.

Que seja realmente um Ano Novo com muito amor em nossos corações.


FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!

25.12.09

É Natal!







O Aniversário do Sagrado Menino Jesus
Autoria de Jania Souza - http://janiasouzaspvarncultural.blogspot.com/

Sorrisos fartos, abraços solidários
Brilho de luzes multicores
No túnel que são as ruas da vida.

As fachadas dos prédios, das casas, dos bares
Sussurram cantigas em baladas de sinos.

Olhos brilham na sinfonia universal
São anjos sempre invisíveis
Ou disfarçados de homens, mulheres, crianças
Inspirados na emoção maior da fraternidade.

O ar com seu jeito mágico de Natal
Flui o nome maior da cristandade
E revela que há possibilidade na terra
Para o amor e a paz.

Portas abrem-se à luz!

Em seu humilde berço
O sagrado Menino
Estende seus braços
E colhe as dores debulhadas nas estradas.

Transforma com seu toque terno
As lágrimas de mágoas
Em sementes de esperança
Abençoadas com as pétalas do amanhã.

O parabéns repete-se constante, firme
Na voz de anjos de qualquer origem
Com a certeza da durabilidade
Do amor extraído do Ser precioso
Que é o Sagrado Menino.

Poema de Natal
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Fotos de Canindé Soares e Tribuna do Norte do Auto do Natal de Natal 2009: Jesus, Maria e José.

23.12.09

Programação do Natal em Natal - 2009


DESFILE ESTRELA DO NATAL
A alegria natalina em forma de cor, luz e movimento. Diversos personagens do natal tomam conta da avenida,, enchendo os olhos de crianças e todas as idades. Dias: 25, 26, 27, 29/12 e 02, 03, 05 e 06/01/2010 na Praça Cívica.

AUTO DO NATAL – MÚSICAS NATALINAS
Um espetáculo que retrata o nascimento do Menino Jesus com grande produção e elenco. Em seguinda, apresentações musicais animam a noite de milhares de pessoas. 23/12 A partir das 19 horas no Anfiteatro da UFRN.

ILUMINAÇÃO E DECORAÇÃO NATALINA
Natal se enche de luz e uma ornamentação especial é preparada para aumentar ainda mais o encaonto da festa. Postes, fachadas, árvores e prédios iluminam todos os cantos da cidade com a beleza e a magia do Natal.

CANTOS E ENCANTOS DE NATAL
A música é uma das principais características natalinas. E no Natal em Natal, ela é cantada e celebrada por corais da cidade em um grande festival aberto ao público. Dia 28/12 a partir das 18:30 na Praça do Natal em Mirassol.

FEIRA DE ARTESANATO NATALENSE E ATRAÇÕES LOCAIS
Até 06/01/2001 na Praça do Natal em Mirassol das 16 às 22 horas.

RÉVEILLON
A virada do ano em Natal é comemorada em quatro caminhos. O caminho das Dunas, na praia da Redinha; o Caminho da Praia na Praia do Forte e na Praia dos Artistas; o Caminho do Morro, na praia de Ponta Negra; e o Caminho da Cidade, com programação de eventos nas ruas do centro histórico. Shows pirotécnicos e artistas locais garantem a emoção na despedida do ano velho. A partir das 18:30 horas no dia 31/12 com shows pirotécnicos na virada do ano

FESTA DE SANTOS REIS
Missas, novenas, procissão, apresentações de grupos folclóricos, barracas, comidas típicas e shows são alguns dos igredientes desta grande festa de fé e alegria comemoranda sempre no início do ano. De 28/12 a 06/01/2010 na Praça de Santos Reis..

ANIVERSÁRIO DE NATAL
18 horas: Missa e 21 horas Show de Padre Fábio no Machadão.

22.12.09

Clarice Palma


Clarice da Silva Pereira Palma, norte-rio-grandense de Natal. Filha do ator teatral e poeta, Francisco Palma e de Júlia Teixeira da Silva Palma.

Orgulhava-se por ter herdado do seu genitor todo o temperamento artístico. Como atriz-poetisa, dedicou a maior parte de sua vida à Arte Cênica, o que lhe valeu, o maior aplauso e forte entusiasmo da platéia natalense, na interpretação de “Dona Xepa”, personagem-título da peça de Pedro Bloch. Em julho de 1981, recebeu, de seus fãs e amigos, a grande homenagem representada pela aposição de uma placa de bronze, alusiva ao seu trabalho, numa das paredes do principal teatro de sua terra, o Alberto Maranhão.

Delegada, no Rio Grande do Norte, do Movimento Poético Nacional, entidade cultural que tem sede em São Paulo e cuja presidência a proclamou como “Embaixatriz do Nordeste Poético”, tendo sido o respectivo diploma entregue pessoalmente, por uma comissão do M.P.N, na própria cidade de Natal, para onde se deslocou, especialmente para essa solenidade.

Ganhadora de diversos troféus pertenceu a diversas Academias de Cultura do Brasil e fora dele.

Com uma bagagem literária de oito livros de poesias e três peças teatrais. Radialista, jogou ao ar programas de grande aceitação e merecedores dos maiores elogios. Como jornalista escreveu, com assiduidade, nos jornais e revistas de sua terra natal. Nasceu a 12 de abril de 1911, desafiava a mocidade por seu temperamento jovial, sua energia, sua espantosa memória e seu físico! Dedicando-se também a música, tocou piano, bandolim e violão e seu maior gosto; viajar, conheceu o Brasil quase todo e uma pequena parte do Exterior. Faleceu em 11 de agosto de 1996.


EU, EM RIMAS
PARA O MEU AMOR

Tudo o que sou, em rimas vou jogando
pela folhagem verde do meu chão;
por esta estrada em que vou caminhando,
coberta, sempre, pela inspiração!

E a caminhar, assim, feliz, sonhando,
numa só rima eu me transformo, então;
rima que rima com o seu nome brando...
rima ditada pelo coração!

Rima que é doce, como o nosso anseio;
que se aninhou, de manso, no meu seio
e que, comigo, dorme no meu leito!

E essa rima, pura e tão rimada,
é o meu segredo, que me traz calada,
sem comentários, pelo preconceito!


Fonte: Jornal da Poesia. Foto: Por do Sol no Potengi.

15.12.09

Redinha

Foto: Capelinha da Redinha por Alexandro Gurgel

REDERREDINHA

Vai um peixe frito com tapioca?
Um cheiro de dendê de mercado?
De cachaça chegada ao copo?
De caju cortado ao prato?
Uma cavala branca no Pé do Gavião?

Serigoela, mangaba, cajá
Cheiro de quê?
De amor?
Cheiro de mar?

Redinha do Gajeiro
Da folia do carnaval
Dos paquetes chegando
Praieiras

Quantos amores
Quantos encantos
e cantos
a Redinha cantou?

Sonho de casamento na capelinha branca
alto da duna
Benção
da Mãezinha dos Navegantes!

Redinha de ginga
palhas de coqueirais
velas, cabelos ao vento
Brisa

Ranger de areia fina
no passodescalço
de pastorinhas em fandangos
e bumbas-meu-boi.

Sonopreguiça
Rederredinha
Natal !


Poesia de Eduardo Alexandre.

11.12.09

Nomes Populares de algumas doenças


- ANTÓJO - ISPINHELA CAÍDA - DOR NOS QUARTOS - PÉ DISMINTIDO - MOLEIRA MOLE - QUEBRANTO - TOSSE DE CACHORRO – FARNIZIM - PASSAMENTO - CACHINGAR – FRIEIRA - COBREIRO DE PÉ - PEREBA – CURUBA - REMELA NO ZÓI
- DORDÓI – GASTURA - MARIA PRETA - DOR NO PÉ DA BARRIGA - DOR DE VIADO - BODE - BOI – IMPINGE – PILÔRA - PANO BRANCO
- XANHA – ESTALICIDO – BICHEIRA - FININHA - ALÔJO – ÍNGUA - BICHO DE PÉ - EMPACHADO - FASTIO - DOR NO ESPINHAÇO - BUCHO QUEBRADO - DENTIQUÊRO - CALO SECO - UNHA FOFA - PÉ INCHADO – PAPOQUINHA - CORPO REIMOSO - MUCUIM – BERRUGA - OLHO DE PEIXE - SETE COUROS - CORPO MUÍDO - LANDRA INCHADA - BARRIGA FAROSA – DIFRUÇO - GÔTO INFLAMADO - MÔCO - PÁ QUEBRADA - CADUQUICE - VISTA CANSADA - OS QUARTOS ARRIADO
- ESPINHA CARNAL – PAPÊRA - DOENÇA DOS NERVOS - OMBRO DISMINTIDO - QUEIMA NO ESTOMBO - JUÍZO INCRIZIADO - FERVIÃO NO CORPO - CAMPANHIA CAÍDA - ESMORECIMENTO NO CORPO - DESENCHAVIDO - PITO FROUXO - ISCURICIMENTO DE VISTA – PIRA - TISGA - INFRAQUICIDA - VENTO CAÍDO - FRACO DOS NERVOS - ESPORÃO DE GALO - BICO DE PAPAGAIO - DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA - DOR NAS CRUZ - DOR NOS BRUGUMI - MAL JEITO NO ESPINHAÇO – INTALO - INTANGUIDA
- DIFULUÇO - DOR NAS CADEIRAS - SAPIRANGA NOS ÓI - RUÇARA - DOR NA JUNTA - MONDRONGO - INQUIZILA - PÉ DURMENTE - ESQUENTAMENTO - VERMÊIA – CESÃO - CARNE TRIADA - NERVO TORTO - DOR NO MUCUMBÚ - SOLITÁRIA - ASTROSE E ASTRITE – SAPINHO - ENTOJO - PAPEIRA – TIRISSA - LUNDU - NÓ NAS TRIPAS – ALGUEIRO - ESTOPOR - GÔGO – UNHEIRO - BOQUEIRA - CALOMBO - DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO - ZÔVO GÔRO – MURRINHA - ZÔVO VIRADO
- CANSAÇO NO CORAÇÃO - JUÊI DISMANTELADO - ZÓIO NUVIADO – VAZAMENTO - ÁGUA NAS JUNTAS - RESGUARDO – INTUPIDO - MUFUMBA - FÍGADO OFENDIDO - VÊIA QUEBRADA - CHABOQUE DO JOELHO ARRANCADO

Enviadas por Carlos Linhares - Fotos: Flickr.com com montagem do blog

6.12.09

Cadê Teresa?

Teresa de Azevedo Dantas (nome de solteira) nasceu em 15 de outubro de 1923. Fez o curso de Guarda-Livros (hoje Contabilidade), no Colégio Nossa Senhora das Neves. Uma inovação tratando-se de uma mulher, praquela época. Falava inglês, francês, freqüentava as melhores festas, esbanjava beleza e charme e foi aluna da Escola Doméstica de Natal, onde aprendeu a preparar banquetes... Na escola era chamada por Teresão e em casa, carinhosamente, por Teca e pelos demais Teca de Zé Paulino.
Aos 27 anos, Teresa foi rendida pelo charme e os olhos azuis de um agricultor simples, sem pedigree, Luiz Pereira de Araújo. E os dois planejaram voar pra longe, em busca de um paraíso onde pudessem viver um amor eterno. No primeiro passo Teresa definiu a vida dela e de quem mais chegasse. Uma fotografia com a seguinte dedicatória foi o pivô de tudo: "Luiz, você concretiza o meu ideal na vida. Meu amor por você será eterno. E o resto você compreenderá no silêncio eloqüente desta fotografia e na expressão sincera do meu olhar."
Num navio, Teresa e Luiz partiram às escondidas da cidade de Natal, rumo ao porto de Santos, com um enxoval completo, todo bordado à mão, feito com carinho, pra guardar por toda a vida. Em Santos, o cunhado (irmão de Luiz) aguardava os pombinhos. Já tinha reservado igreja, contratado padre, alugado vestido, sapato, dama de honra, fotógrafo (uma foto vale mais do que mil palavras). Tudo que um casamento de verdade merece. Até o cartório estava de plantão. Enquanto isso, Teresa e Luiz foram morar num acampamento, em plena mata virgem, no Paraná – maior exportador de café do mundo. Um estado que precisava abrir estradas pra escoar sua riqueza e por isso eles foram pra lá. Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não pára mais de dar flores.
Mas, cadê Teresa? Teresa está em Jaraguá (GO), guardada por dois de seus filhos, que não arredam o pé de perto dela. Feito uma rainha, só sendo paparicada, dando ordens pra todo mundo. O diploma de Guarda-Livros está na parede, assim como fotografias que registram os momentos bons. A máquina de datilografia manual está guardada debaixo de sete chaves assim como alguns de seus cadernos de receitas.


Clique na imagem para ver a receita do Curso de Cozinha Artística de Arte Culinária da Escola Doméstica de Natal ministrado por D. Noilde Ramalho em 1944. Se não conseguir ler na tela envie uma mensagem para: nataldeontem@gmail.com
Texto e fotos enviados por Iracema Dantas de Araújo, filha de D. Teresa

4.12.09

Beco da Lama


Quem passa pelo saudoso Beco da Lama, uma rua estreita no centro da cidade - Natal Rn - nem se lembra que alí se dorme no chão bruto, se vende flores e produtos aromáticos para festejar o seu santo preferido, de São Jorge a Yemanjá, come-se à bessa, nos restaurantes que alí existem, toma-se uma caninha "braba", daquelas que inveterado cospo e faz cara feia, joga-se no bicho, pois em Natal não é proibido jogar (no bicho - cobra, macaco ou avestruz) e tem tanta coisa que se falar aqui, não vai dar tempo. Antigamente, um rapaz, numa bodega da esquina, próximo a feira das frutas, tinha o seu ponto predileto onde fazia para vender a tradicional "meladinha" que era cachaça com mel. Ele só abria o ponto às 10h da manhã. Fechava às 2h da tarde para abrir outra vez, às 4h. Alí, bebiam em um reservado, os secretários de estado, escritores, advogados, jornalistas e até mesmo boêmio para não se dizer outra palavra não menos cabida. Eu não sei se, depois da morte do homem, o bar continuou funcionando. Sei, apenas que, aos sábados, por volta das 10h, outra vez o Beco da Lama se enche de gente. São jornalistas, poétas, escritores, advogados ou mesmo quem ainda não é conhecido. O Beco, num pedacinho de nada, se enche de gente, cada um com a sua conversa e todos falando a um tempo só. É, na verdade, um ponto de encontro dos "velhos" e inveterados amigos - e até inimigos - que se juntam para comemorar, com as suas falas o que tem de se comemorar: Nada!!!. Tão logo passe o dia, o Beco se esvazia. Em tempos remotos, tinha ali um "cabaré", pois era assim que se chamava uma casa de alguns quartos para alugar a homens que tomavam uma "dama" para ter um relacionamento conjugal. Essas moças - quase sempre de 20 anos ou pouco mais - viviam alí à espera do seu "homem" que por meia hora era o seu "dono". Depois desse tempo, era lavar e enxugar. Outro "homem" talvez estivesse impaciente para poder entrar e cumprir a mesma missão. O Beco da Lama é antigo. Vem dos primórdios do tempo em que a cidade acabava alí. Lama era porque pelo beco escorria lam ou de chuva ou de lavagem de roupa e de banho. A lama descia pelo local até chegar a um terreno próximo do Mercado da Cidade e alí ficava. Natal era uma cidade - naquela época - de poucas casas e naquele beco existiam mocambos de palha fincados na areia. Um cachorro magro era a arma de cada um. Quando o cão sarnento latia era sinal que vinha gente para um dos casebres, sempre para falar da vida dos outros. Um certo dia, a Câmara Municipal proibiu da gente contunuar morrando em suas palhoças. Tinha que se fazer casebres de taipa. A cidade foi tomando pé do progresso, mas o Beco continuou a ser chamado "da Lama", apesar de existir uma placa dizendo que alí é a rua Dr. Francisco Ivo, um homem que morou na Av. Rio Branco, quase na esquina com a rua Cel. Cascudo onde tem a Feira das Frutas. A placa está na bodega de Nazzi, homem que já morreu e que, em vida, fazia a tradicional "meladinha". Hoje, a rua é calçada e as casas são todas de comércio, salvo o quiosque que existe no local onde as "damas" costumam fazer o seu "ponto". O Beco da Lama é pequeno, indo da rua Ulisses Caldas até a rua João Pessoa. Depois desse ponto, o beco leva outro nome. Hoje, um grupo de blogueiros e não blogueiros fazem dali um ponto de encontro, um reduto, para se dizer melhor, principalmente aos sábados, mas sem deixar os outros dias passar em branco. Poucos sabem a história do Beco. Outros, sabem até demais. Alguns teimam em chamar o beco de apenas Beco. Notívago, o Beco da Lama, sem nada para encher as agruras do tempo, ele é um beco como outros existentes em toda a parte do mundo.

Por Alderico Leandro (Blog Asa Morena - link ao lado)

2.12.09

Natal Ontem e Hoje


“Lembro o alvissareiro da torre da Matriz. Antes de 1862 estava o mastro fincado no pátio do Quartel Militar. Feita a torre da Matriz, chantaram o pau dos sinais no topo e perto do alvissareiro, João Irineu de Vasconcelos, ganhando 200$000 por ano. Ficava ele olhando a cidade, morros, praias, rio e mar. Todo o horizonte era uma moldura circular para sua curiosidade. Devia erguer uma bandeira sempre que avistasse navio. Do lado do norte o mastro se fosse barco vindo desta zona. Do sul, lá despontasse. (Luís da Câmara Cascudo)

“[...} temos a informar que o último edifício da Câmara e Cadeia de Natal foi demolido no ano de 1911, quando ocorreu a inauguração de uma nova cadeia construída no bairro de Petrópolis. O vetusto edifício foi derrubado com a finalidade de alarga-se a via de acesso, entre a Praça André de Albuquerque e o Rio Potengi, hoje representada pela Rua João da Mata”. (Olavo de Medeiros Filho)

“Depois do Royal Cinema foi morrendo como um canário ao qual não se dão mais água nem milho alpiste. Foi sofrendo de mal triste. De esvaziamento. E acabou-se. Derrubaram o prédio que ele ocupava, que ia da esquina da Rua Vigário Bartolomeu até a parede da Prefeitura. Era um prédio romântico, meio “art-nouveau”, de muitos cochichos e conversas sentimentais. Até a saudade de pedra e cal desapareceu. Resta uma outra saudade, imponderável, que aumenta quando a gente folheia velhos álbuns e escuta Royal Cinema de Tonheca Dantas”. (Augusto Severo Neto)
.
Fotos Superiores: Praça André de Albuquerque, Igreja N. S. do Rosário dos Pretos e ao fundo o Rio Potengi.
Fotos do Meio: Casa da Câmara e Cadeia.
Fotos Inferiores: Antigo Royal Cinema, Atual Procuradoria Municipal - Cidade Alta -
Para ampliar clique nas fotos.
Fonte: Semurb