Em Natal, na segunda metade do século retrasado, aconteciam grandes batalhas campais, instigadas, acima de tudo, pela rixa das classes sociais e pelo bairrismo belicoso de Canguleiros (comedores de cangulo e peixe seco), moradores dos "bairros de baixo" (Rocas e Ribeira) e pelos Xarias (comedores de xaréu e peixe fresco), habitantes do bairro burguês da Cidade Alta.Durante a noite (depois das 18 hs) ecoavam as provocações e o grito de guerra dos contendores exaltados:
- "Canguleiro não sobe!"
- "Xaria não desce!".
Obviamente, as tropas de choque de cada lado desafiavam esses ultimatos e o pau cantava entre as partes. Fazendo uma releitura de tal fato histórico, apresento...
Obviamente, as tropas de choque de cada lado desafiavam esses ultimatos e o pau cantava entre as partes. Fazendo uma releitura de tal fato histórico, apresento...
"A Pinimba de Xarias e Canguleiros".
Xaria nunca se manca
Só vive fazendo festa
Quero ver a sua banca
Lá na Rua da Floresta.
Eita cangulo fuleiro
Não chega no Alecrim
Apanha de marmeleiro
Da turma da Vaz Gondim.
Sou do Alto da Castanha
Me criei no Maruim
Eu não abro pra meganha
Quanto mais pra Mauricim.
Você não sobe a ladeira
Fedorento a pituim
O povo da Salgadeira
Não gosta de cabra-ruim.
Xaria só diz besteira
Lá na praça João Maria
Trepado numa cadeira
Recitando poesia.
O cangulo da Ribeira
Acredita ser artista
Sua nega é maloqueira
Vive de roubar turista.
Mané do Beco da Lama
Pensa que é valentão
Acabo com sua fama
Lá no Poço do Dentão.
Cangulo da Jordanês
Comedor de porcaria
Troca cueca por mês
E depois joga na pia.
Xaria deixe a frescura
Conheço seu ganha-pão
Só vive de sinecura
No ofício de babão.
Cangulo cabra-de-peia
Lavou convés de navio
Era chave de cadeia
No outro lado do rio.
***** Por Graco Medeiros
Xaria nunca se manca
Só vive fazendo festa
Quero ver a sua banca
Lá na Rua da Floresta.
Eita cangulo fuleiro
Não chega no Alecrim
Apanha de marmeleiro
Da turma da Vaz Gondim.
Sou do Alto da Castanha
Me criei no Maruim
Eu não abro pra meganha
Quanto mais pra Mauricim.
Você não sobe a ladeira
Fedorento a pituim
O povo da Salgadeira
Não gosta de cabra-ruim.
Xaria só diz besteira
Lá na praça João Maria
Trepado numa cadeira
Recitando poesia.
O cangulo da Ribeira
Acredita ser artista
Sua nega é maloqueira
Vive de roubar turista.
Mané do Beco da Lama
Pensa que é valentão
Acabo com sua fama
Lá no Poço do Dentão.
Cangulo da Jordanês
Comedor de porcaria
Troca cueca por mês
E depois joga na pia.
Xaria deixe a frescura
Conheço seu ganha-pão
Só vive de sinecura
No ofício de babão.
Cangulo cabra-de-peia
Lavou convés de navio
Era chave de cadeia
No outro lado do rio.
***** Por Graco Medeiros
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