25.4.10

Atheneu - Algumas reflexões


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O Colégio Atheneu Norte-Riograndense foi fundado em Natal antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II, que foi fundado em 2 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, “na Corte”.
A fundação do Atheneu aconteceu em três de fevereiro de 1834, nesse dia o Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida, vice-diretor do Ateneu, abriu o livro de matrículas das aulas no referido Colégio.
Período do Império, o Ateneu Norte-riograndense tornou-se necessário para suprir as necessidades de quadros para a estrutura social vigente, afinal a estrutura econômica estava assentada em formas de trabalho, como a escravatura, e a educação tradicional privilegiava a elite. Assim, era necessário instituir, na sociedade, uma via eficaz para formar uma classe imbuída da moral dominante, destinada a ocupar as funções públicas e liberais que começavam a se expandir.
Na cidade do Natal, em 1834, havia cinco aulas de Humanidades, intituladas Aulas maiores, eram elas: Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim. O então Presidente da Província, Basílio Quaresma Torreão (1787-1868) solicitou ao Conselho Geral da Província14, a reunião dessas cinco Aulas Maiores num Colégio.
Entendemos que é a Basílio Quaresma Torreão que devemos a existência do Atheneu, pois foi ele que teve a iniciativa de reunir as cinco Aulas Maiores num Colégio, ele amava a História, era letrado e amigo de clássicos e a ele se deve a escolha do nome.
O Atheneu funcionou no antigo Quartel Militar (Av. Rio Branco) de 1834 até 1859, pois a chegada de um batalhão desalojou alunos e professores, forçando-os a estudarem em residências. Em 1º de março de 1859, o Atheneu foi instalado no edifício da rua Junqueira Ayres, atual Secretaria Municipal de Finanças e permaneceu lá até 1954.
O prédio do Atheneu era referência na cidade e, muitas vezes, utilizada para outros fins. A Escola Normal funcionou no Atheneu de 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910. A Escola Normal foi criada pelo Governador Alberto Maranhão a fim de preparar gente capacitada fechando algumas escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que havia no Estado. Quarenta e quatro anos depois, a Escola Normal e o Atheneu voltam a utilizar o mesmo espaço.
O prédio atual, construído tem formato de “X”, foi inaugurado em 11 de março de 1954. No prédio novo, encontravam-se um ginásio para prática de esportes, sessões de cinema e auditório para festas, 16 salões de aulas comuns e 8 salões para aulas especializadas.
Durante muitas gerações o Atheneu foi considerado o melhor colégio do Estado, um pólo para transmissão cultural e ao mesmo tempo, um meio de traçar limites entre o secundário e o superior. Foi fundamental na vida da cidade e das pessoas que viveram desde a década de 1830 sempre motivando apreensões discursivas e suas práticas culturais como estratégias de pensar.
O Atheneu sempre atendeu, mesmo que de forma não intencional, a alguns pressupostos que norteiam a pedagogia do contemporâneo. Antes não havia reuniões de pais, mas o ensino correspondia à proposta básica das famílias para a educação dos seus filhos. Assim procuramos ressaltar a importância do Atheneu na vida de nossa cidade..
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Extraído da tese de Liliane dos Santos Gutierre

6 comentários:

Lívio Oliveira disse...

Taí uma escola que eu gostaria de ter conhecido à época do ensino de excelência. Valeu, Neto, por mais esse capítulo de nossa memória natalense.
Abraço.

Anônimo disse...

Apenas a título de curiosidade, o prédio do Atheneu antigo (da Av. Junqueira Aires), também abrigou a sede do quartel do comando da Polícia Militar - à época denominada Companhia de Polícia, isto lá pelos anos 1870.
Angelo Dantas - Tenente Coronel PM e pesquisador.
angelocronologia@hotmail.com

Maria José Mamede disse...

Fui aluna do Atheneu Feminino, de 1944-1947. Apesar do ensino baseado na memorização, essa escola foi para mim,o sol de minha vida. Isto em termos de conhecimentos (principalmente as línguas), e, salientavam-se as questões culturais e sociais(música, orfeão e festas). Relevo os Diretores Mons. Matta, Dr Edgar Barbosa e o meu querido Protásio Melo. Além, disso tudo, a Profª Cecília de Oliveira, professora de Educação Física e responsável por todas as vitórias sociais e desportivas do nosso Atheneu. O prédio ficava onde hoje funciona a Fundação José Augusto. Jamais o esquecerei. No Atheneu vivi os melhores anos de minha vida:

ESDRAS R. NOBRE disse...

Consegui chegar no Atheneu aos 14 anos depois de um Exame de Admissão (1969). Fui aluno e atleta de Basquete e Volei. Época de grandes recordações e vitórias! Grande Atheneu...."Atheneu existe apenas um, e como o Atheneu não pode haver nenhum" essa era a música da galera. Esta foto acima foi feita por Esdras Rebouças Nobre (EU). Parabéns pelo blogger.

Esdras Rebouças Nobre disse...

O Atheneu para mim foi uma universidade! Lá aprendi muito o respeito ao próximo e aos professores.Lá pude ser um atleta onde trouxe título de campeão dos JERNS. Hoje, faço parte da Associação dos Ex Alunos do Atheneu com sede lá mesmo no Colégio. Foram os melhores anos de minha vida!

Isa Mendes disse...

Ai que lindo o meu colégio favorito... estudei o meu científico aí.... de repente, saudade. Desde que saí de natal, 1972, ainda não voltei...espero revê-lo, meu querido Atheneu. Prof. de Física, Irami Dantas, inesquecível.