8.9.15

A conquista da Fortaleza dos Reis Magos pelos holandeses.

As forças de desembarque constavam de 808 homens, distribuídos por 8 Companhias. As munições de guerra estavam confiadas a Jacob Elbertesen Wissing, como comissário e a Jan Staes, como condutor.
Não levavam artilharia extra, julgando suficiente a dos navios a que esperavam tomar na Fortaleza dos Reis Magos. Dispunham de víveres para abastecimento das forças, tanto de desembarque como de guarnição dos navios, durante nove semanas.
Na frota, sob o comando de Lichthardt, almirante da costa, embarcaram o delegado Cornelius Van Ceulen (um dos diretores da Companhia) que tinha vindo da Holanda com os últimos reforços enviados para Pernambuco.
Depois das despedidas do outro diretor da Companhia, Gysselingh, e do coronel Von Schkoppe a frota partiu no início da noite do dia 5 de dezembro de 1633.
No dia seguinte reuniu-se o conselho de oficiais e ficou acertado que tropas desembarcassem em Ponta Negra, marchando por terra até a Fortaleza e que algumas embarcações forçassem a barra subindo o rio Pitigi (Potengi).
Pela manhã do dia 8, a esquadrilha confrontava Ponta Negra desembarcando tropas, enquanto o almirante Lichthardt tomava facilmente duas caravelas portuguesas e desembarcando uma parte de suas tropas para ocuparem as dunas entre a povoação e a fortaleza, com 150 marinheiros. Feito isso, aguardou as tropas que desembarcaram em Ponta Negra.
Os dias 9 e 10 foram consumidos no desembarque de artilharia, na construção de trincheiras, na exploração do terreno ao longo do rio Pitigi (Potengi), procurando contatos com os índios inimigos dos portugueses. No dia 11, a situação caminhava para o desenlace.
Os holandeses com forças bem superiores, haviam conseguido montar baterias nas colinas e dunas próximas e sobre as águas dispunham de uma frota relativamente poderosa. Foi enviada uma carta ao Capitão-Mor Pedro Mendes de Gouveia, comandante da fortaleza ponderando que a melhor solução seria a rendição.
O Capitão Mor não aceitou e foram iniciadas as cargas de artilharia contra a fortaleza. Os estragos foram grandes, sendo demolidos parapeitos e bastiões e desmontadas diversas peças.
Ao amanhecer do dia seguinte foi hasteada uma bandeira branca e a seguir um dos soldados saiu da fortaleza com uma carta em que os da fortaleza pediam para parlamentar, solicitando para esse fim um armistício. A carta não era assinada pelo Capitão Mor, que se encontrava gravemente ferido para fazê-lo.
Concluída a rendição, foram entregues as chaves do forte e dos armazéns. Ficou deliberado que os primeiros a entrarem na fortaleza seriam o delegado Van Ceulen, o tenente coronel Byma e o major Cloppenburch.
Alguns escritores são da opinião que houve traição por parte dos defensores da fortaleza. Se houve, entretanto, a traição, não foi, por certo, do capitão-mor Pedro Mendes de Gouveia, que, segundo documentos insuspeitos, de origem holandesa, estava gravemente ferido.
Tomada a fortaleza, trataram os invasores de conquistar a capitania, o que lhes foi fácil, pobre e quase despovoada que era. (História do Rio Grande do Norte – Tavares de Lyra)

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