12.9.08

Eu menino em Natal I. (Texto)

Mais uma página da história de Natal ...
Foto: "Tanques" da Praça Pedro Velho

Ataulfo Alves canta "Eu daria tudo que pudesse, pra voltar os dias de criança".
Eu quase diria a mesma coisa, mas hoje tenho meus netinhos e não gostaria de viver sem eles.
Mas, sempre é bom voltar ao passado, desde que este tenha sido bem vivido.
No meu tempo de menino, rapaz, Natal era diferente. Acordava-se pela manhã com os vendedores de cuscuz, tapioca e pão, aos domingos os sinos das igrejas badalavam anunciando as primeiras missas da manhã.
Não tinha supermercados, as compras eram feitas nos mercados públicos, mercearias ou feiras. Existiam homens para carregá-las na cabeça, os chamados balaieiros, quase sempre um peso enorme. Fui moleque, ficava com outros colegas em cima do muro esperando o pobre homem passar, na hora exata empurrava com os pés o balaio, o homem caia com compra e tudo e nós partíamos na carreira.
Não existia quase que piscina em Natal, tomar banho nos tanques da Praça Pedro Velho era um dos nossos divertimentos prediletos, mesmo correndo o risco de levar umas bordoadas de Humberto Pacheco, que era o administrador da Praça. Hoje onde é o Ginásio Djalma Maranhão existia um bar "O Zepelim" e criança só tomava refrigerante, pois Humberto não permitia que se vendesse bebida alcoólica a menores de dezoito anos.
Peladas no meio das ruas Mossoró, Rodrigues Alves, Afonso Pena. Existiam figuras populares conhecidas de toda a população e que fazem aprte de nossa história. Os vendedores de jornais, Cambraia um morenão que vendia jornal cantando coisas que ninguém entendia além de Alberis que gritava as manchetes mais impossíveis da época. Um cidadão que ficava ''p... da vida'' quando passava e alguém gritava – Caju cadê a castanha? Vocês imaginem já o lugar que o cidadão dizia estar a castanha.
Maria Mula Manca, que andava curvada, apoiada em uma espécie de cajado e ficava furiosa quando alguém lhe xingava ou chamava pelo apelido de Mula Manca, mas era uma mulher de palavra. Disse certa vez, se seu candidato a governador não fosse eleito ela iria embora e jamais voltaria ao Rio Grande do Norte e assim foi feito. Queria eu, que muitos políticos tivessem pelos menos metade da sua palavra.
Até veado era coisa rara e eram conhecidos de todos. Não divulgo nomes ou apelidos, porque ainda hoje tem muita gente boa se passando por macho.
(continuarei).........
(Augusto Coelho Leal - Guga)
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2 comentários:

Flavio JC disse...

Guguinha,
A idéia de Neto foi fantástica.
No seu próximo comentário lembre de "Nestor Cadê o Fósforo?" das peladas na casa de Dr. Dante de Melo Lima.
Abraços
Flávio Torrão

Anônimo disse...

lembre também de "velocidade"....aquela figura lá do alecrim.