12.9.08

O Alecrim de minha infância. (Texto)

Mais uma página da história de Natal ...
Foto: Vitrola Jukebox (Radiola de Fichas)


Para mim, o Natal de Ontem, começa em 1948, quando papai foi transferido de Caicó para cá.
O Alecrim, foi meu primeiro mundo natalense.
O Edifício Leite - onde ele trabalhava - só tinha dois andares, em vez dos três de hoje.
O Mercado do Alecrim era o maior aglomerado de gente e negócios do bairro, sendo abastecido pelos produtos que chegavam do interior e eram descarregados de caminhões que paravam no Hotel Caiana.
O bonde de Lagoa Seca "virava a lança" na esquina da Pres. Bandeira com a Amaro Barreto, na parada do Alecrim e fazia o mesmo na Rua São João, na parada de Lagoa Seca.
Dalí p´ra cima, só mato. Um colega de trabalho de papai tinha uma granja onde hoje é a Escola Guararapes e, p´ra gente chegar lá, descia do bonde na parada final e ia à pé, porque o areal era muito fofo e carro não passava.
Numa ruela que liga as avenidas 7 e 8 - um beco meio torto, que ainda hoje tá lá - tinha um terreno onde eram feitos animais de barro e depois cobertos com papel e cola. Quando secava, tirava-se o barro e surgiam camelos, elefantes e outros animais de grande porte que compunham as alegorias dos blocos do carnaval de rua.
Tinha o Cine São Luiz, na Presidente Bandeira, o Cine São Pedro, na Amaro Barreto e o Cine Alecrim, na Praça Gentil Ferreira, que era dominada pelo botequim "O Quitandinha".
Os Fords e Chevrolets, de antes e pós-guerra, dominavam a Praça de Carros, na Presidente Bandeira.
Destaque era uma sorveteria na qual havia uma "Vitrola Jukebox" (Radiola de Fichas) com os sucessos da época.
"Seu" Celestino tinha um ônibus que também fazia a linha Lagoa Seca/Alecrim. Outros ônibus faziam as linhas Alecrim/Rocas, cujo terminal no Alecrim era na porta do Mercado, nos fundos da praça Gentil Ferreira.
Como somente em raras casas tinha geladeira, diariamente se fazia as compras para as refeições, por isso, era grande o movimento no mercado nas primeiras horas da manhã.
Também de manhã cedinho, passavam os vendedores de cuscuz "Café da Mata", fabricados numa transversal entre as Avenidas Pres. Quaresma e Alexandrino de Alencar.
À tardinha, era a vez dos vendedores de mugunzá, que gritavam "tem côco", para anunciarem seu produto.
Na esquina da Pres. Bandeira com Cel. Estevam, tinha a bodega de "Seu" Tota, no outro lado, a de "Seu" Ubarana e, na esquina contrária, o Hospital Evandro Chagas.
Nas noites de sexta-feira - quando se armavam as barracas para a feira do Alecrim, no sábado - os boêmios terminava as noitadas no "picado do Monteiro", cuja freguesia era uma mistura de seresteiros, grã-finos e cabeceiros...
(Aurino Araújo - Aurino de Marpas)
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Um comentário:

Anônimo disse...

SAUDADES DO MEU ALECRIM....ONDE PRATICAMENTE NASCI E FUI CRIADO, LEMBRO MUITO DE UMA FIGURA CHAMADA ROQUE, UM SENHOR RANZINZA, QUE ANDAVA COM UM PEDAÇO DE PAU NA MÃO, E TODO MUNDO MEXIA COM ELE CHAMANDO ELE DE SAPATÃO..RSRSR