"Era o sonho de Ícaro vestindo saias. Atendia pelo nome de Lucy Garcia Maia e aos 24 anos ela decidiu freqüentar o curso de pilotos promovido pelo Aero Clube de Natal e se tornou a PRIMEIRA AVIADORA POTIGUAR. Filha de tradicional família natalense, desportista, aviadora pioneira, Lucy Garcia Maia nasceu em Natal em 1918. Educada na Escola Doméstica, que formava gentis senhoritas da sociedade local em administração do lar, Lucy Garcia preferiu seguir sua irresistível vocação para os esportes. Jogou tênis, vôlei, basquete e praticou até mesmo um esporte exclusivo para homens: o remo. Foi uma das fundadoras do Centro Desportivo Feminino, que incentivou a prática do esporte às mulheres natalenses. Destemida e audaciosa, enfrentou tabus e discriminações e, em 1942, conseguiu o feito de se tornar a primeira mulher norte-rio-grandense brevetada no Aero Clube. Assim como o remo, a aviação civil era um esporte exclusivamente masculino. Mas isso não intimidou Lucy Garcia que, com o apoio do pai, foi adiante no seu sonho de voar. Iniciou a instrução de vôo, em julho de 1942, cercada de homens, seus colegas e instrutores. Após treze horas de instrução de vôo, ela recebeu o comando da aeronave, um Piper Cub J-3, para fazer o solo.
Pelo regulamento do curso, Lucy Garcia dispunha de quinze minutos para fazer seu primeiro vôo. Decolou da Base Aérea de Natal, atravessou a cidade no sentido norte, cruzou o rio Potengi, fez vôos rasantes sobre a praia da Redinha, as dunas, o azul-turquesa das lagoas. Mais por encantamento do que por rebeldia, a aviadora de 24 anos rompia os limites impostos e extasiava-se nas alturas. Na volta à base, os colegas e seu instrutor a esperavam muito apreensivos.
Voou por cinco anos, chegando, inclusive, a fazer viagens para Fortaleza, Recife e João Pessoa. Repetia por aqui a audácia da norte-americano Amélia Earhart, que 10 anos antes – 1932 – tornou-se a primeira mulher a atravessar o Atlântico, pilotando um avião, em vôo solo, proeza, até então, realizada por um homem: Charles Lindbergh, em 1927. Amélia desapareceu no Pacífico, em 1937, quando tentava ser também a primeira a completar uma volta em redor da Terra.
Em 25 de outubro de 1942, com um acervo de aproximadamente oitocentas horas Lucy recebeu a carta do brevê, com autorização para pilotar aviões dos tipos Piper J-3, Culver e PT-19. Em 1947, casou-se com Evaldo Lira Maia, com quem teve quatro filhos homens.
Foi a maternidade, em 1947, que a fez desistir do sonho de trabalhar em companhias aéreas. “Eu olhava aquela criancinha no berço e ficava imaginando se alguma coisa me acontecesse durante um vôo; ela ficaria sem os meus cuidados maternos”, ponderou à época.
Em agosto de 2000, em depoimento à pesquisadora Ana Amélia Fernandes, Lucy Garcia declarou: “Sentia-me maravilhosamente dona do mundo, do espaço, e segura na arte de voar. Medo? Nunca. Nunca passou por mim esse sentimento em relação à aviação. O meu interesse mesmo era continuar a carreira e transformar-me em piloto dos aviões comerciais”.
Ao contrário de Amélia Earhart, Lucy Garcia não morreu no ar, mas em terra firme, em sua própria casa no bairro do Morro Branco. Em outubro de 2001 um câncer a sepultou no cemitério do Alecrim. Contava 83 anos de idade".
Pelo regulamento do curso, Lucy Garcia dispunha de quinze minutos para fazer seu primeiro vôo. Decolou da Base Aérea de Natal, atravessou a cidade no sentido norte, cruzou o rio Potengi, fez vôos rasantes sobre a praia da Redinha, as dunas, o azul-turquesa das lagoas. Mais por encantamento do que por rebeldia, a aviadora de 24 anos rompia os limites impostos e extasiava-se nas alturas. Na volta à base, os colegas e seu instrutor a esperavam muito apreensivos.
Voou por cinco anos, chegando, inclusive, a fazer viagens para Fortaleza, Recife e João Pessoa. Repetia por aqui a audácia da norte-americano Amélia Earhart, que 10 anos antes – 1932 – tornou-se a primeira mulher a atravessar o Atlântico, pilotando um avião, em vôo solo, proeza, até então, realizada por um homem: Charles Lindbergh, em 1927. Amélia desapareceu no Pacífico, em 1937, quando tentava ser também a primeira a completar uma volta em redor da Terra.
Em 25 de outubro de 1942, com um acervo de aproximadamente oitocentas horas Lucy recebeu a carta do brevê, com autorização para pilotar aviões dos tipos Piper J-3, Culver e PT-19. Em 1947, casou-se com Evaldo Lira Maia, com quem teve quatro filhos homens.
Foi a maternidade, em 1947, que a fez desistir do sonho de trabalhar em companhias aéreas. “Eu olhava aquela criancinha no berço e ficava imaginando se alguma coisa me acontecesse durante um vôo; ela ficaria sem os meus cuidados maternos”, ponderou à época.
Em agosto de 2000, em depoimento à pesquisadora Ana Amélia Fernandes, Lucy Garcia declarou: “Sentia-me maravilhosamente dona do mundo, do espaço, e segura na arte de voar. Medo? Nunca. Nunca passou por mim esse sentimento em relação à aviação. O meu interesse mesmo era continuar a carreira e transformar-me em piloto dos aviões comerciais”.
Ao contrário de Amélia Earhart, Lucy Garcia não morreu no ar, mas em terra firme, em sua própria casa no bairro do Morro Branco. Em outubro de 2001 um câncer a sepultou no cemitério do Alecrim. Contava 83 anos de idade".
Texto e foto enviados por seu filho Marcos Maia
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