15.9.09

O Atheneu Norte-Riograndense (*)


O Colégio Ateneu Norte-Riograndense foi fundado na capital Natal do Estado do Rio Grande do Norte, antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II, que foi fundado em 2 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, “na Corte”.

A fundação do Ateneu aconteceu em três de fevereiro de 1834, pois no artigo 27, da lei nº 30 sancionada pelo presidente da província do Rio Grande do Norte Basílio Quaresma Torreão em 30 de março de 1834, diz: “o dia três de fevereiro, aniversário da abertura do Ateneu, é feriado”. Além disso, foi no dia três de fevereiro de 1834 que o Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida, vice -diretor do Ateneu, abrira o livro de matrículas das aulas no referido Colégio.

Período do Império, o Ateneu Norte-riograndense tornou-se necessário para suprir as necessidades de quadros para a estrutura social vigente, afinal a estrutura econômica estava assentada em formas de trabalho, como a scravatura, e a educação tradicional privilegiava a elite. Assim, era necessário instituir, na sociedade, uma via eficaz para formar uma classe imbuída da moral dominante, destinada a ocupar as funções públicas e liberais que começavam a se expandir.

A cidade do Natal, em 1834, havia cinco aulas de Humanidades, intituladas Aulas maiores, eram elas: Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim.

O então Presidente da Província, Basílio Quaresma Torreão (1787-1868) solicitou ao Conselho Geral da Província14, a reunião dessas cinco Aulas Maiores num Colégio. Entendemos que é a Basílio Quaresma Torreão que devemos a existência do Ateneu, pois foi ele que teve a iniciativa de reunir as cinco Aulas Maiores num Colégio. Quaresma Torreão amava a História, era letrado e amigo de clássicos.

O nome Ateneu se deve a ele, pois segundo Cascudo: O Ateneu funcionou no antigo Quartel Militar (Av. Rio Branco) de 1834 até 1859, pois a chegada de um batalhão desalojou alunos e professores, forçando-os a estudarem em residências. Em 1º de março de 1859, o Ateneu foi instalado no edifício da rua Junqueira Ayres, atual Secretaria Municipal de Finanças e permaneceu lá até 1954. O prédio do Ateneu era referência na cidade e, muitas vezes, utilizado para outros fins. O professor Clementino Câmara, em Romance do Ateneu Norteriograndense, os parece indignado com tal fato, quando afirma: “não havia edifício onde a escola pudesse funcionar [o autor se refere a Escola Normal]. Para onde iria? O Ateneu estava naturalmente indicado. E lá ficou a escola Normal desde 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910”. Informa ainda que essa decisão se deveu ao Governador Alberto Maranhão que fechou as escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que havia no Estado, e criou a Escola Normal, a fim de preparar gente capacitada. Nas palavras do Professor Clementino Câmara entendemos que a Escola Normal utilizou as dependências do Ateneu até dezembro de 1910. Daí, inferimos que, quarenta e quatro anos depois, a Escola Normal e o Ateneu voltam a utilizar o mesmo espaço.

Após estudos e projetos aprovados pelo Ministério da Educação, foi construído o prédio destinado ao Colégio Estadual do Rio Grande do Norte, o Ateneu, e a Escola de Professores. Salientamos aqui que o Colégio Estadual do Rio Grande do Norte passa a denominar-se Colégio Estadual do Ateneu Norte Riograndense, através do decreto n° 3285, de 3 de fevereiro de 1959.

O prédio construído tem formato de “X”. Foi inaugurado em 11 de março de 1954 e permanece no mesmo local até hoje.

O Atheneu atendia, mesmo que de forma não intencional, a alguns pressupostos que norteiam a pedagogia do contemporâneo. Naquela escola não havia reuniões de pais, mas o ensino correspondia à proposta básica das famílias que era de que seus filhos freqüentassem a escola para aprender e só se aprendia ‘assistindo aulas’.

Nossa inquietação permanece quando nos perguntamos como se deu a modernização do ensino no Estado do Rio Grande do Norte, particularmente, no Ateneu Norte-Riograndense, diante dos fatos apresentados. Desse modo nos perguntamos: e as reformas curriculares e metodológicas que aconteceram no Brasil? Como elas chegaram até o Rio Grande do Norte?

Em 1890 aconteceu a reforma Benjamim Constant, em1901, acontece a reforma Epitácio Pessoa! E quanto as reformas Campos e Capanema, que aconteceram em 1931 e 1942, respectivamente?

Desse modo, acrescentamos mais algumas perguntas a tantas já realizadas: Os professores do Ateneu Norte-riograndense utilizaram o referido didático em suas aulas, no período referenciado? Os alunos tiveram acesso ao mesmo? Os professores do Ateneu Norte-riograndense estavam interessados, de algum modo, nas discussões internacionais sobre o ensino?

Esse fato nos deixa perplexos e questionamos: Como se davam essas aulas? Quais eram os conteúdos? Como se dava a aprendizagem, num espaço de tempo que não era aproveitado no todo pelo professor?

O que expomos até aqui são algumas observações de caráter ainda preliminar. Entretanto, as mesmas nos fornecem subsídios para acreditarmos que nenhuma ou quase nenhuma iniciativa de modernização, de mudança no currículo, de mudança na metodologia era realizada por parte dos professores do ensino secundário do Ateneu.
* - Extraído do trabalho de Liliane dos Santos Gutierre: Colégio Estadual do Atheneu Norte Riograndense: Algumas Reflexões.
Nota: O autor do blog é ex-aluno do Atheneu.

Um comentário:

Dynara Suênya disse...

Querido senhor Manoel de Oliveira Cavalcante Neto,

Gostaria de pedir sua autorização pra exibir sua foto em minha escola "Atheneu" pra uma mostra cultural em homenagem aos 175 anos do colégio com o propósito de mostrar fotos de ex - alunos do colégio.

Agradeço desde já,

Dynara Suênya