22.2.09

Jacques Riffault - Refoles

Caravela Portuguesa Vera Cruz do Século XVI - Réplica

Antes da "descoberta" de Natal pelos portugueses, havia nesta cidade caravanas de corsários fazendo contrabando, principalmente de pau-brasil e muitas outras madeiras, além de pássaros silvestres e de até mesmo de tabaco. Para tanto os corsários, na totalidade, franceses firmaram um acordo com o povo índio recebendo o que queriam em troca, presentes como espelhos, tintas além de outros objetos sem valor. Para os indígenas, aqueles "presentes" eram coisa de suma importância para eles. Para os franceses, não valia nada. Dentre os corsários que por esses lados estiveram, estava Jacques Riffault que, com o passar do tempo o local onde ele ancorava a sua nau passou a ser chamado de Refoles ou mesmo Rifoles. Esse homem negociou madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Os corsários levaram madeiras daqui, do Rio Grande do Norte até ao Rio de Janeiro. Jacques Riffault foi um deles.Em termos de expansão marítima, os franceses, mesmo perdendo a corrida, buscaram terras sem colonização para poder explorar. O Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, não era respeitado pela França. Os corsários recebiam apoio do governo francês, com financiamento, para explorar as riquezas das Américas. É tanto que Jacques Riffault, depois de Natal foi para São Luis, no Maranhão. Em Natal, a boa amizade que Riffault tratava com os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território. É tanto que a denominação Riffault perdura até hoje sendo que se chama então de Refoles, onde está, nos dias atuais, a Base Naval de Natal. E com os contatos entre europeus e potiguares surgiu, então, a miscigenação da raça potiguar bem a de outros lugares por onde os europeus passaram. Eram europeus da Normandia e da Bretanha que andavam em íntima promiscuidade com grupos indígenas, de modo especial, as mulheres índias. Um mapa francês datado de 1579 identifica a terra do Rio Grande do Norte. Nele, se identifica acidentes geográficos, das tribos e de produtos econômicos. Desse modo, fica provado que os franceses tinham maiores conhecimentos dessa terra que os próprios portugueses. Porém, só no final do século XVI os portugueses se armaram e expulsaram os franceses de Natal que nem tinha ainda esse nome. O nome de Natal só veio com a sua "descoberta", em 25 de dezembro de 1599 que, por coincidência, o território foi tomado e sendo o dia 25 de dezembro um Natal, o que estaria por a cidade também seria Natal, em homenagem ao nascimento de Jesus. Dai por diante, os portugueses iniciaram a construção do Forte que levou o nome dos Três Reis Magos. Com a retomada do Rio Grande, que já se fazia até no interior do Estado, Portugal passou a também perseguir os franceses do território do Maranhão.
Texto: Alderico Leandro

2 comentários:

Antonio Noberto disse...

Parabens ao autor e ao blog pelo texto. Alguns pontos, no entanto, devem ser observados. 1º - As trocas com os indígenas eram realizadas em todo o Brasil, por todos os europeus (Fra, Por, Esp, Hol, Ing) e os objetos eram muitíssimo importantes para os autóctones; 2º - em vários outros lugares de influência francesa no Brasil muitos textos atuais continuam repentindo palavras difundidos nos tempos coloniais pelos vencedores (portugueses). Parece q o Brasil continua colônia de Portugal e, assim, tem q continuar repetindo palavras q só interessavam aos lusos, por exemplo "promiscuidade". este é um termo q os lusos pingiram os franceses no Brasil (Viçosa no Ceará também continua usando inadivertidamente este termo). Mas enfim...
Moro em São Luís. Semana passada estava com minha esposa e filhos em Natal. Fui à Base naval e nada encontrei sobre o Refoles. Quase nenhum marinheiro conhece esse nome. Fiquei triste. Sou escritor e semana que vem devo publicar um texto intitulado O REFOLES.
Abraço

Historia do Brasil disse...

Ainda que por curiosidade, para estes temas, um escritor bahiano, Aydano Roriz, empresário bem sucedido e com raizes portuguesa, nos oferece relatos históricos apaixonantes para quem se identifica com boa literatura tendo como palco o Brasil e seus descobridores. Visitem a Editora Europa e observem suas obras. Especial atenção para "A guerra dos herejes" Vai valer a pena.