12.9.09

Carnaval na Tavares de Lyra (*)


Em idos dos anos 20 (1920 em diante) se fazia a festa do Carnaval, em Natal (Rn) no bairro da Ribeira, ponto de grandes tradições da nossa história. Era na Av. Tavares de Lyra que os foliões faziam a festa, com desfile em carros Ford, moças no assento de trás ou mesmo nos para lamas dos pneus da frente ou mesmo sendo aclamadas pela mocidade quando passavam pulando em uma espécie de bagageiro que ficava atrás de tudo. Os carros eram como uma Baratinha mais antiga. Os veículos dirigidos por seus donos que seguiam também ornamentados com chapeus de palhaço ou coisa assim, faziam o trajeto pela A. Tavares Lyra, indo então pela Rua Chile, pegando em seguida a Av.Duque de Caxias e retornando pela A. Tavares de Lyra. Tudo era festa com lança-perfume, talco, confetes, serpentinas para o orgulhos dos que tinham carros naquele tempo, e de suas belas e mascaradas filhas, durante a tarde e noite dos tres dias de folia.
Nas calçadas próximas, o povo alegre com a passagem dos veículos vagarosos com as suas damas no seu interior ou no seu para-lamas. Era assim que se festejava o carnaval em uma cidade com ares de interior, naqueles idos do tempo. Na Catedral Metropolitana, o sacerdote não parava de dizer que aquilo er a festa do Demônio e que o bom cristão não deveria participar de tal evento temido pelo clero, nesse tempo, recolhido em oração em lugares distantes do meio da cidade. Mesmo assim, o povo não pensava em pecado e se pecar fosse aquilo, essa gente tinha o resto do ano para se arrepender, mesmo com o padre lhe dizendo que o que ele fizera era arte do Diabo.
Pois bem. Com o Diabo ou não, a festa se realizava costumeiramente e entre os presentes estavam os legítimos representantes do comercio de Natal, e entre estes, os homens menos afortunados da cidade, levando a brincadeira no seu melhor prazer. Via-se dentre muitos outros, o Rei Momo - que era a figura do Demônio para os clérigos, e pessoas que estavam a trocar o dias de trabalho pelo dias de folia. E dentre estes, via-se seu Yoyo - um cidadão que se chamava Melchiardes Barros, eleito por cinco anos, entre 1920 a 1925, venerável da Loja Maçônica "Filhos da Fé", assunto que para o Clero representava o verdadeiro "perigo", pois a Igreja nunca se deu bem com a Maçonaria. E muitos outros adeptos da folia frequentvam as festas de Rei Momo, como o cidadão Zé Areias, cujo nome verdadeiro era José Antõnio Areias Filho, nascido no ano de 1900. Zé Areias era um autêntico folião que se vestia de mulher para se disfarçar, apesar de não usar máscara, fazendo arranjos no cabelo. Os seios avantajados de Zé Areias dava um toque a mais na sua idementária femenina. No meio dos que brincavam a folia estava o homem, popular por assim dizer, jogando confetes nos demais participantes, num toque de quem bem dizia: com dinheiro ou sem dinheiro, meu amor, eu brinco.
Na festa popular dos antigos carnavais costumava-se vê figuras como Zé Areias e seu Yoyo a fazer a animada algazarra. Seu Yoyo, para bem dizer, era um homem de baixa estatura, bem gordo, pele clara e, no Carnaval, ele saía ornamentado do homem pobre carregando um pinico com cerveja e linguiça dentro dele que dava a impressão de ser algo intoleravel de se olhar. Seu Yoyo carregava o pinico na altura de sua cintura, passeando para lá e pra cá. Sem falar. Naqueles aureos tempos como também não havia rádio e os gramofones eram peças raras e caras, o povo brincava com as melodias fetas em marchinhas que pouco gante decorava-lha a letra por completo, ficando apenas no soar do estribilho.
Em 1723 o carnaval chegou ao Brasil sob a influencia européia. Somente no século XIX é que os blocos carnavalescos surgiram com os carros decorados e pessoas fantasiadas de forma bem parecida como se faz nos tempos mais recentes. Mesmo assim, apesar de haver uma aceitação por parte da Igreja, nos idos 20 tinha-se o propósico de se rejeitar uma tradição pagã que teve origem na Grécia por volta dos anos 600 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade dTamanho da fonteo solo e pela produção..Bem após, já os romanos inseriram bebidas e sexos na festa tornando intoleravel para a Igreja
* Alderico Leandro - Jornalista, poeta e crítico literário. - Foto: Cais da Tavares deLyra.

Um comentário:

Rougebatom disse...

Oi Neto!...obrigada pela tua visita no meu cantinho. Teu blog continua prazeroso em visitar pela qualidade de informações sobre nossa querida cidade.
Um bj